Em operação realizada nesta sexta-feira (11), a Polícia Federal (PF) mirou Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação investiga a tentativa de vender, de forma ilegal, presentes entregues a Bolsonaro por delegações estrangeiras. As informações são do portal g1. Além do advogado, outras três pessoas são alvos da ofensiva: o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o próprio Mauro Cid e o tenente do Exército Osmar Crivelatti.
De acordo com a PF, os montantes "obtidos das vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores".
O mandado foi autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no bojo do inquérito das milícias digitais. Estão sendo cumpridos ainda mandados de busca e apreensão em Brasília e Niterói.
A operação foi batizada "Lucas 12:2", em alusão ao versículo da Bíblia que diz: "Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido".
Relação de Wassef com a família Bolsonaro
Conhecido como Fred, o advogado é considerado bolsonarista "raiz". Crítico do que chama de "indústria dos radares", defensor de "ações mais efetivas da polícia" no combate à violência, católico praticante e adversário da esquerda.
O primeiro contato entre o ex-presidente e Wassef foi em 2014. Wassef ganhou de presente um smartphone quando estava internado para tratamento de câncer, clicou no ícone do YouTube e assistiu a um discurso do então deputado federal Jair Bolsonaro sobre controle de natalidade. No dia seguinte Fred telefonou para o gabinete de Bolsonaro na Câmara. Depois de mais de uma hora de conversa, marcaram um encontro pessoal.
A atuação de Wassef ao lado do clã Bolsonaro ultrapassa a relação entre advogado e cliente. Em 2019, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) entrou na mira da Polícia Federal suspeito de ter dentro do seu gabinete, quando era deputado pelo Rio, um esquema de "rachadinha". O assessor responsável por movimentações atípicas em contas vinculadas ao parlamentar, Fabrício Queiroz, ficou meses foragido da Justiça.
Em junho de 2020, Queiroz foi encontrado em uma casa de Wassef, no município de Atibaia, quando foi preso pela PF. No dia seguinte, o advogado deixou o caso.
Além disso, Wassef costumava frequentar o Alvorada quando Jair Bolsonaro era presidente. Em novembro de 2022, depois que o ex-presidente foi derrotado nas urnas, o criminalista apoiou os acampamentos feitos por apoiadores do ex-chefe do Executivo perto dos quartéis do Exército em todo o País.
"Gente, isso vai muito além do que simplesmente uma eleição ou um presidente. Isso é uma semente que nasceu, o nosso herói Jair Bolsonaro foi quem começou no Brasil o despertar de uma consciência coletiva política de amor ao Brasil, à pátria, à bandeira", disse Wassef na época.
Nas últimas eleições, o advogado se candidatou a deputado federal pelo PL em São Paulo. Ele obteve 3.628 votos e ficou como suplente. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Wassef declarou um patrimônio de R$ 18 milhões, composto de vários imóveis no Brasil e no Exterior.