O advogado Frederick Wassef recomprou, nos Estados Unidos, um relógio da marca Rolex recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem oficial, segundo as investigações que resultaram em operação da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (11).
Conforme a apuração, o objeto foi vendido pelo general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, braço-direito do ex-chefe do Executivo, e recuperado para ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU).
As movimentações faziam parte, segundo a PF, de atos para recuperar os itens que integravam o denominado "Kit Ouro Branco", com o objetivo de "escamotear, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícitas dos bens no Exterior".
De acordo com os investigadores, a recuperação do relógio ocorreu em março, após o TCU determinar a devolução do item, que teria sido vendido para a empresa Precision Watches. O valor, segundo a PF, foi maior do que o obtido na venda.
"Primeiramente o relógio Rolex DAY-DATE, vendido para a empresa Precision Watches, foi recuperado no dia 14/03/2023, pelo advogado Frederick Wassef, que retornou com o bem ao Brasil, na data de 29/03/2023. No dia 02/04/2023, Mauro Cid e Frederick Wassef se encontraram na cidade de São Paulo, momento em que a posse do relógio passou para Mauro Cid , que retornou para Brasília/DF na mesma data, entregando o bem para Osmar Crivelatti, assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro", afirma o documento (leia íntegra abaixo).
Nesta sexta-feira, a PF abriu operação para investigar suposto grupo que teria vendido bens entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais. Dentre os investigados estão general da reserva Mauro César Lourena Cid, o advogado Wassef, que representou o ex-chefe do Executivo perante a Justiça, e o tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
Nas últimas semanas, a CPI do 8 de Janeiro identificou uma troca de e-mails sobre a tentativa de venda, por R$ 300 mil, de um relógio da marca Rolex recebido em viagem oficial por Mauro Cid. A negociação se deu em 6 de junho de 2022. Em e-mail em inglês, uma interlocutora pergunta a Cid quanto ele quer no relógio e dá a entender que ele seria cravejado de platina e diamantes.
Em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita, em outubro de 2019, o então presidente Bolsonaro recebeu um estojo de joias, que incluía um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes. Três anos depois, no mesmo dia em que Cid enviou o e-mail identificado pela CPI, foi registrado pelo sistema da Presidência que os itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro".
Dois dias depois, em 8 de junho, conforme os registros oficiais, as joias já se encontravam "sob a guarda do Presidente da República".