O advogado Frederick Wassef afirmou, em pelo menos duas ocasiões no ano passado, desconhecer o paradeiro do ex-assessor Fabrício Queiroz. Em entrevista à GloboNews, em setembro, ele disse:
— Não sei. Não sou o advogado dele.
Em junho, negou conhecer o ex-policial militar em entrevista à revista Veja. O próprio senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) dizia, em conversas reservadas, que não tinha mais contato com o ex-assessor e que poderia até ir preso por obstrução da Justiça se entrasse em contato com ele.
A interlocutores, Wassef repetia a versão de que não tinha contato com Queiroz, embora o ex-assessor tenha sido preso em um imóvel dele, nesta quinta-feira (18). O advogado representa Flávio no caso que investiga a suspeita de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Wassef se apresenta como advogado do presidente Jair Bolsonaro, mas não atua formalmente em nenhuma causa. É presença constante nos palácios do Planalto e do Alvorada, no entanto, não costuma aparecer nas agendas oficiais de Bolsonaro.
Nos registros, aparecem apenas três encontros no último ano, mas ele esteve ao menos sete vezes nos últimos seis meses com o presidente.
Na quarta-feira (17), Wassef esteve na cerimônia de posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria. Na semana anterior, passou a tarde com o presidente na sede do Executivo e deixou o local por volta das 20h. O motivo do encontro não foi informado.
Desde a prisão de Queiroz, na manhã de quinta, Wassef permanece recluso na residência onde mora, no Lago Sul, em Brasília. Além de não deixar a casa, ele não atendeu ligações da reportagem. Quando tocada a campainha da residência, não houve resposta. Por volta das 8h30min, o advogado foi visto na janela da casa.
Outra ocasião em que Wassef esteve com o presidente foi no dia 25 de abril, logo após a demissão do então ministro da Justiça, Sergio Moro. Ele foi ao Alvorada no mesmo dia em que Bolsonaro discutia a substituição na pasta. O atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, que na época tentava assumir o comando da Polícia Federal, também participou do encontro.
Além da família Bolsonaro, Wassef é próximo do secretário especial de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten. Ainda na pré-campanha presidencial, Wassef apresentou Wajngarten, dono da empresa Controle da Concorrência, nome fantasia da FW Comunicação e Marketing, como um homem capaz de abrir portas em emissoras de televisão.
Aproximação
Wassef conheceu Bolsonaro ainda como deputado, em 2016, quando a ideia da candidatura presidencial ainda parecia distante. Depois, na campanha presidencial, o advogado passou a frequentar a casa usada pela equipe do presidente.
Ele é visto com desconfiança pelos assessores mais próximos de Bolsonaro. O presidente chegou a ser aconselhado a dispensá-lo, mas o modo como agiu justamente no caso Queiroz o garantiu por perto, segundo pessoas próximas ao presidente.
O principal momento foi quando Wassef conseguiu suspender no Supremo Tribunal Federal (STF), com a decisão do presidente da Corte, Dias Toffoli, todas as investigações feitas com base no compartilhamento de dados bancários sem autorização judicial, atendendo ao pedido da defesa de Flávio Bolsonaro.