O ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio Grande do Sul e ex-diretor nacional de Inteligência da corporação, Luís Carlos Reischak Júnior, foi alvo de buscas em seu endereço na manhã desta quarta-feira (9), durante a Operação Constituição Cidadã, da Polícia Federal (PF). Ele foi intimado a se apresentar e a prestar depoimento na sede da PF em Porto Alegre.
Também houve buscas em endereço de Rodrigo Cardozo Hoppe, que atuava no Estado e foi para a Direção de Inteligência da PRF com Reischak Júnior. Hoppe era diretor-substituto. GZH ainda tenta contato com os dois.
Ainda durante o cumprimento dos mandados, o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques foi preso em Santa Catarina.
Os três estão entre os investigados no inquérito da PF que apura a atuação da PRF no dia de votação do segundo turno na eleição do ano passado. A investigação verifica se a ação policial teria como objetivo atrapalhar a chegada de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula Silva às urnas, sobretudo no Nordeste.
Os agentes cumprem 10 mandados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Rio Grande do Norte. As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação conta com apoio da Corregedoria Geral da PRF, que determinou ainda o depoimento de 47 policiais rodoviários federais.
Operação Constituição Cidadã
De acordo com a PF, a "Constituição Cidadã" investiga o suposto uso da máquina pública para interferir no segundo turno do pleito do ano passado, com o direcionamento de recursos, por parte de integrantes da PRF, para dificultar o trânsito de eleitores no dia 30 de outubro de 2022.
"Os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, sendo que, no dia do segundo turno, foi realizado patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste do país", diz a corporação.
A operação mira crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal. Ainda mira delitos descritos no Código Eleitoral: "impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio" e "ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato".
O nome da operação é uma referência à Carta Magna do Brasil, promulgada em 1988, a qual, pela primeira vez na história do país, garantiu a todos os cidadãos o direito ao voto.