O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou que o Banco do Brasil vai retirar o patrocínio à Agrishow, mas manterá o seu stand na feira.
A decisão ocorre após a organização da Agrishow, principal feira de tecnologia agrícola do país, ter aconselhado o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a participar do segundo dia da feira, e alertá-lo sobre a eventual presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na abertura do evento.
— Descortesia e mudança de caráter de um evento institucional de promoção do agronegócio para um evento de características políticas e ideológicas. Ou é uma feira de negócios plural e apartidária ou não pode ter patrocínio público — afirmou Pimenta.
O Banco do Brasil informou, em nota divulgada na noite da sexta-feira (28), que atuará de forma comercial na Agrishow. O comunicado, no entanto, não menciona se o patrocínio ao evento está mantido ou cancelado, e não esclarece o recente anúncio da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República de retirada do apoio.
"O Banco do Brasil informa que estará presente na Agrishow por meio de sua atuação comercial para realização de negócios e atendimento aos seus clientes", diz o comunicado. A nota do BB ressalta, ainda, que a instituição financeira tomará "as medidas cabíveis" se, durante a feira, houver qualquer "desvio das finalidades negociais previstas".
Segundo fontes do governo, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, não irá mais à Agrishow. Havia a previsão de uma palestra de Tarciana no evento. Mais cedo, o banco informou que pretende desembolsar R$ 1,5 bilhão em negócios durante a feira.
A organização da feira disse que não foi comunicada oficialmente sobre a retirada do patrocínio. A Agrishow nega que tenha retirado o convite ao ministro Fávaro, e diz que se tratou de um "alerta" para evitar eventual constrangimento.
Na quinta-feira (27), em evento em Brasília, Fávaro disse que foi desconvidado e que não irá ao evento, mas que desejava sucesso à feira.
— Fui desconvidado, mas desejo sucesso, que façam bons negócios, que levem oportunidades aos produtores. No momento propício, se ainda for ministro, quando convidarem, faço questão de estar lá em outras edições — disse Fávaro na ocasião.
A atitude da Agrishow foi vista pelo Palácio do Planalto, além de uma "descortesia", como uma provocação ao governo federal e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), priorizando a oposição no palco.