De maneira inédita, o agronegócio subiu ao palco principal do Fórum da Liberdade, nesta sexta-feira (14), em Porto Alegre, para uma discussão sobre como a economia de mercado livre ajudou a alavancar o setor brasileiro. Com plateia lotada, o painel “Agronegócio: vilão ou o bolo do crescimento brasileiro?” deu sequência à programação no último dia de evento.
Uma provocação sobre a imagem do agro abriu o painel. Ao mesmo tempo em que o setor se tornou válvula de escape nos momentos de crise e é protagonista no combate à fome, é alvo de críticas e colocado como vilão. Quais as razões para isso? Segundo os especialistas que dividiram o palco, boa parte da inversão se dá pelo distanciamento entre o campo e a cidade e a falta de comunicação.
Ministro da Agricultura no governo Collor, Antônio Cabrera deu exemplos de como o mercado mudou o agronegócio brasileiro.
— Como o país se tornou o maior exportador de carne do mundo? — indagou à plateia, argumentando que a adequação ao mercado livre, até então uma novidade para o setor naquele momento no Brasil, foi fundamental para tornar o país o maior exportador do mundo de proteína animal.
Segundo o ministro, a cada cinco pratos de comida, um é brasileiro. A cada 10 copos de suco de laranja consumidos no mundo, sete são produzidos no Brasil. A liberdade econômica conferiu competitividade ao setor, tornando-o referência entre os maiores mercados mundiais.
Nei Manica, presidente da Cotrijal e da Expodireto, uma das principais feiras do mundo em tecnologia para o campo, endossou o coro. Manica reforçou que a virada de chave na importância do setor produtivo no Brasil e no Rio Grande do Sul se deu a partir de uma reorganização, que começou pelo trabalho de permanência do homem no campo. Outra questão fundamental para o desenvolvimento da economia foi o papel assumido pelo cooperativismo. Segundo Manica, os passos dados até aqui foram capazes de tornar o Brasil o principal exportador de soja e outras commodities importantes, destacando-o no posto de celeiro mundial e referência entre os que mais utilizam tecnologia para impulsionar o setor.
Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil no governo Bolsonaro, deu sequência ao painel trazendo experiências brasileiras de sucesso na redução de metano, com o tratamento de resíduos da agropecuária. Leite destacou que o olhar para a economia verde abre possibilidade para o produtor gerar renda produzindo biocombustíveis a partir do que sobra da sua produção. As iniciativas colocam o Brasil em posto de referência frente às iniciativas que recém começam a sair do papel em outros países mais atrasados na pauta ambiental.
Segundo o ex-ministro, o Brasil tem vocação e referência para produções sustentáveis. A agricultura brasileira é a mais regenerativa do mundo, pelo manejo adequado de solo que aplica, o que promove a fixação do carbono. Segundo Leite, o Brasil tem potencial para ser uma máquina de absorção de carbono, além de parte importante do desafio mundial de redução de emissões.
Comunicadora, produtora rural e fundadora da FarmCom, Camila Telles arrancou aplausos da plateia ao destacar o potencial produtivo do agronegócio brasileiro, reforçando os pontos trazidos pelos painelistas anteriores. Ela defendeu que o agro é vanguarda em termos de preservação ambiental, mas cobrou que o setor seja mais valorizado. Para isso, Camila aponta que o caminho passa por reforçar a comunicação, mesmo que para isso seja necessário “dizer o óbvio”.
— O Brasil precisa mudar o seu posicionamento, de achar que não é bom o suficiente no tabuleiro internacional. É preciso falar que a agricultura brasileira é a mais sustentável do mundo — disse Camila, acrescentando que o silêncio não pode ser uma opção para quem luta pela liberdade.