O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), afirmou nesta quarta-feira (4), em cerimônia no Palácio do Planalto, que a indústria brasileira precisa urgentemente retomar o protagonismo na economia e expandir a participação no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a reindustrialização é essencial para o desenvolvimento sustentável, sob o prisma da justiça social que a legitima.
— As mudanças climáticas, o pós-covid e a guerra na Europa indicam a necessidade de uma política de reindustrialização com participação do setor produtivo, da academia, da sociedade e do setor externo. É imperativo a redução de emissão dos gases estufa e apoio ao baixo carbono, privilegiando energias limpas. O Brasil será o grande protagonista do processo de descarbonização da economia mundial — disse Alckmin.
Ele ainda declarou que o investimento em tecnologias para integrar o Brasil a cadeias globais de valor indústria é essencial. Segundo o vice, para cada R$ 1 investido na indústria, a economia ganha 2,43 vezes mais, com impactos positivos em todos os setores da economia.
— Vamos trabalhar pelo emprego, pela distribuição de renda, em apoio a indústria, o comércio e o setor de serviços. É urgente a reversão da desindustrialização precoce no prazo, que reclama uma clara política de competitividade industrial contemporânea — disse.
O vice-presidente também relembrou que a indústria corresponde a 11% do PIB, mas aporta 69% de todo o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, o setor responde por 29,5% da arrecadação, três vezes o seu peso na economia.
— O Brasil não pode prescindir da indústria para alavancar o crescimento e se desenvolver socialmente. Ou retoma a agenda do desenvolvimento industrial ou o país não retomará o caminho do crescimento sustentável — afirmou.
Projetos e programas
Alckmin disse ainda que os projetos para o desenvolvimento da indústria brasileira terão de contar com a participação do setor para serem eficazes. Ele afirmou também que haverá uma sinergia de atuação de sua pasta com os ministérios da Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores.
— Não haverá projetos eficazes que sejam elaborados à revelia do setor produtivo e da sociedade civil — comentou.
Ele afirmou ainda que, na terça, esteve com o atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e saudou o futuro presidente da entidade, Ricardo Alban, presente ao evento.
O vice e também ministro disse que o desenvolvimento industrial tem relação próxima com as políticas de inovação, desenvolvimento de tecnologia e comércio exterior.
— Vamos achar sinergias nessas frentes, sempre poderemos contar com apoio da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e do chanceler Mauro Vieira — afirmou.
No discurso, Alckmin lamentou a queda da participação da indústria de transformação no PIB brasileiro desde a década de 1980, quando chegou a 20%.
— Salvo períodos do governo Lula, o que se viu nos últimos anos foi seu encolhimento, chegando a 11,3% em 2021 — afirmou ele, comparando a indústria brasileira com a dos Estados Unidos, que dobrou de tamanho no mesmo período; a do mundo, que aumentou em dez vezes; e da China, com crescimento de 47 vezes.
— A desindustrialização é precoce e grave, joga contra o presente e compromete o futuro — disse o vice e ministro.
— O presidente Lula pede com urgência uma política moderna de desenvolvimento da indústria, que parte do diagnóstico correto, seja bem desenhada e seja implantada corretamente, com avaliação apropriada com métricas e mecanismos para medir resultados, que seja continuada no tempo, porque tem se processo de maturação — afirmou.
— Como sabemos, a imprevisibilidade e a descontinuidade dos instrumentos de apoio contribuem para insucesso de políticas em várias áreas.
Conciliação entre o Estado e o setor privado
O vice-presidente e ministro destacou também que a conciliação entre o Estado e o setor privado será o fator que integrará o Brasil. Ele disse que o novo ministério terá transparência e previsibilidade.
— O novo MDIC tem espaço para concepção de política voltada a fármacos, biotecnologia, nanotecnologia — afirmou Alckmin. Segundo ele, o Brasil precisa se qualificar para um novo mundo do trabalho que está em surgimento.
— O MDIC é moderno, forte e será eficiente — emendou.