Depois de acumular perdas superiores a 5% nos dois primeiros dias do novo governo, a bolsa de valores abriu em leve alta nesta quarta-feira (4). A tentativa de reação perdia fôlego até o início do pronunciamento do vice-presidente Geraldo Alckmin feito ao assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic, como no passado).
Durante a primeira cerimônia em ministérios com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ibovespa retomou os patamares positivos anteriores e conseguiu se manter em terreno positivo, em sinal de aprovação do mercado ao conteúdo - mas com aposta baixa, com avanço magro de 0,4% até o final do evento. O dólar operou em estabilidade (+0,19%).
Alckmin insistiu especialmente em dois temas: um "novo e inovador programa de reindustrialização", que terá acompanhamento e "avaliação dos resultados" - que faltou em políticas de estímulo de governos anteriores do PT. Outra chave foi o foco em atividade sustentável:
— A sociobiodiversidade será a energia do nosso desenvolvimento — afirmou, avisando que trabalhará com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nessa direção.
Também avisou que haverá um programa de apoio a startups e "todo tipo de empreendimento inovador", para incentivar novas relações de emprego e geração de renda. Nem todas as declarações de Alckmin foram bem-recebidas. O gráfico do Ibovespa registrou oscilações para baixo quando mencionou, por exemplo, o novo papel do BNDES e se referiu ao "ministro" Aloízio Mercandante, presidente do banco, além de outros trechos.
No encerramento do evento, Lula se aproximou para falar com o chefe da Casa Civil, Rui Costa. Em seguida, Costa disse a jornalistas que não há previsão de "reforma da reforma" da Previdência nos planos do governo. Se houver, avisou, terá de passar pela sua pasta. Na véspera, uma declaração do novo ministro da área, Carlos Lupi, de que criaria um grupo de trabalho para avaliar mudanças, espalhou pessimismo no mercado e espanto entre agentes econômicos. A bolsa saiu dos 103 mil para 104 mil pontos.