Se na véspera o indicador mais estressado do mercado financeiro foi a bolsa, que despencou 3,06%, nesta terça-feira (3), a maior variação ocorreu no câmbio: o dólar fechou em R$ 5,454, resultado de alta de 1,76%.
No radar de investidores e especuladores, estiveram declarações de ministros e indicados para estatais. Um dos motivos de estresse foi uma declaração do novo ministro da Previdência, Carlos Lupi. Na cerimônia em que assumiu o cargo, Lupi disse que pretende criar uma comissão com representantes de empregadores, empregados e governo para estudar uma possível revisão da reforma da Previdência.
Enquanto falava, o gráfico da bolsa, que vinha de nova baixa, mas suave, foi se aprofundando. Acabou fechando com nova queda forte, de 2,08%. Outro ruído envolveu uma das primeiras medidas provisórias editadas pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda no domingo. Chegou a ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) um texto retirava da que transferia a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) do ministério do Desenvolvimento Regional para o do Meio Ambiente.
Além disso, retirava do texto de criação da agência um trecho que confiava ao órgão independente a definição de normas do setor. Em entrevista à Globonews, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou que a mudança havia sido um "equívoco" e seria corrigido. A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, confirmou.
A exemplo de Haddd, Galípolo fez um discurso à la carte para o mercado - disse que o ministério vai rever "o que é possível" em renúncias fiscais e que haverá também preocupação com a "qualidade do gasto". Afirmou, ainda, que não é mais possível ter política monetária contracionista - juro de 13,75% - e fiscal expansionista - gastos cada vez maiores -, como ocorreu nos governos Dilma e Bolsonaro.