No evento que marcou a entrega do relatório final dos 32 grupos de trabalho do governo de transição, na manhã desta quinta-feira (22), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, 16 novos ministros que passarão a ocupar a Esplanada a partir de 1° janeiro foram anunciados pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Vice-presidente eleito e coordenador do Gabinete de Transição, Geraldo Alckmin (PSB) será o titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, informação que vinha circulando como certa desde a noite de quarta-feira (21). Lula deu grande destaque à indicação de seu companheiro de chapa.
— Resolvi dar trabalho para o meu vice. Ele falava: "Presidente, me dê trabalho! Presidente, me dê trabalho!". Eu ficava pensando: se eu não der trabalho, ele vai me dar muita dor de cabeça. Tenho certeza de que Alckmin, com a capacidade de articulação política e o respeito dos empresários brasileiros, vai ser um excelente ministro da Indústria e Comércio — saudou Lula.
Confira os nomes escolhidos
- Ministério da Educação — Camilo Santana
Governou o Ceará por dois mandatos e também foi senador pelo Estado. Formado em Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - Ministério da Saúde — Nísia Trindade
Presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Socióloga, gestora pública e professora de História das Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz, na Fiocruz, e de Sociologia, no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) - Controladoria-Geral da União — Vinícius Marques de Carvalho
Doutor em Direito. Professor no Departamento de Direito Comercial da Universidade de São Paulo (USP). Presidiu o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - Advocacia-Geral da União — Jorge Messias
Procurador da Fazenda Nacional. Atuou nas áreas jurídicas de diversos ministérios. No governo de Dilma Rousseff, foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência, quando se tornou conhecido pela pronúncia errada de seu nome em um episódio envolvendo Lula - Secretaria-Geral da Presidência — Márcio Macêdo
Biólogo formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Foi deputado federal - Secretaria das Relações Institucionais — Alexandre Padilha
Médico e professor, é doutor em Saúde Pública. Eleito deputado federal. Foi ministro dos governos Lula e Dilma - Ministério dos Portos e Aeroportos — Márcio França
Foi governador de São Paulo, prefeito de São Vicente (SP) e deputado federal. É presidente da Fundação João Mangabeira. É ligado ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e foi uma das pontes para aliança entre o ex-tucano e Lula - Ministério da Gestão — Esther Dweck
Economista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuou no Ministério do Planejamento - Ministério da Cultura — Margareth Menezes
Cantora e compositora. Criou a ONG Associação Fábrica Cultural. Em 13 de dezembro, ela confirmou que havia sido convidada para integrar o novo governo, que havia aceitado e que o presidente disse a ela que "quer fazer Ministério da Cultura forte". No mesmo dia, Lula anunciou a escolha pelas redes sociais. Defendida pela futura primeira-dama, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, a escolha é uma reedição da estratégia adotada no primeiro governo Lula, quando o petista nomeou o cantor Gilberto Gil para a pasta. A ideia é aproximar o Ministério da classe artística - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio — Geraldo Alckmin
Vice-presidente eleito do Brasil, governador de São Paulo por quatro mandatos, foi deputado federal e prefeito de Pindamonhangaba (SP). Coordenou a equipe de transição após a vitória da chapa no segundo turno das eleições. Estudioso de assuntos como reforma tributária, tem bom trânsito no setor produtivo e, na avaliação de Lula, pode atuar como um facilitador do diálogo do governo com o mundo industrial - Ministério da Mulher — Cida Gonçalves
Foi secretária nacional do Enfrentamento à Violência contra Mulher e ajudou a fundar a Central dos Movimentos Populares no Brasil - Ministério da Ciência e Tecnologia — Luciana Santos
Vice-governadora de Pernambuco, presidente do PCdoB. Foi deputada federal. Engenheira Elétrica formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Ministério do Desenvolvimento Social — Wellington Dias
Quatro vezes governador do Piauí. Eleito senador duas vezes pelo Estado. Também foi deputado federal e estadual - Ministério dos Direitos Humanos — Silvio Almeida
Advogado, pós-doutor pela Faculdade de Direito da USP, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Mackenzie, além de professor visitante da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Presidente do Instituto Luiz Gama - Ministério da Igualdade Racial — Anielle Franco
Irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 2018, junto de Anderson Gomes, seu motorista. É diretora do Instituto Marielle Franco. Graduada em Inglês e Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e em Jornalismo pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos EUA - Ministério do Trabalho — Luiz Marinho
Foi prefeito de São Bernardo do Campo (SP), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ministro do Trabalho e depois ministro da Previdência Social nos dois primeiros mandatos de Lula, entre 2005 e 2008. O deputado federal eleito (PT-SP) aceitou o convite após articulação de centrais sindicais ligadas ao partido
Relatório final: governo de transição
Agradecimento pela aprovação da PEC
Lula começou seu pronunciamento agradecendo aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado e a todos os parlamentares pela aprovação da PEC da Transição, na tarde de quarta-feira (21).
— Acho que é a primeira vez que um presidente da República toma posse e começa a governar antes da posse. Essa PEC era para cobrir a irresponsabilidade do governo que vai sair — afirmou o petista.
— Recebemos esse governo em situação de penúria. Vamos entregar esse relatório não apenas para a imprensa, mas para cada deputado e cada senador. É importante que eles comecem a trabalhar sabendo o Brasil que nos foi entregue — prosseguiu.
De acordo com o presidente eleito, ainda falta definir 13 ministros do futuro governo. O tema, disse Lula, seria discutido entre ele e Gleisi Hoffmann, presidente do PT e coordenadora executiva do grupo de transição, durante o almoço desta quinta-feira. O objetivo é definir todos os escolhidos até a próxima terça-feira (27).
— Quem tem expectativa não perca a expectativa porque tudo pode acontecer nesses próximos dias — falou Lula, provocando risos da plateia. — E, certamente, vocês terão novidades. E acho que novidades para o bem — acrescentou.
O presidente eleito deu a largada na divulgação oficial dos nomes de seus futuros ministros no dia 9 de dezembro, quando anunciou que Flávio Dino (PSB) iria para o Ministério de Justiça e Segurança Pública e Rui Costa (PT) para a Casa Civil. Na ocasião, Lula também confirmou titulares de outras pastas: José Múcio Monteiro na Defesa, Fernando Haddad (PT) na Fazenda e Mauro Vieira para o Itamaraty.