Nesta semana, a CPI da Covid continua ouvindo depoimentos de pessoas ligadas ao governo federal e à negociação de vacinas contra a covid-19.
Está marcada para esta terça-feira (10) a oitiva do presidente do Instituto Força Brasil, Helcio Bruno de Almeida, sobre intermediação na negociação de 400 milhões de doses da AstraZeneca. O coronel da reserva teria facilitado a entrada dos vendedores de imunizantes Luiz Dominguetti e Cristiano Cristiano Carvalho no Ministério da Saúde.
Na quarta-feira (11), será a vez do empresário Jailton Batista. Diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, ele deve falar sobre as vendas do “kit covid”, um conjunto de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus.
O requerimento original previa a presença de outro representante da Vitamedic, o empresário José Alves Filho. A convocação dele foi sugerida pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). José Alves Filho já teve os sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário quebrados pela CPI.
Em ofício enviado à comissão, o empresário argumenta que, como acionista da Vitamedic, poderia responder apenas sobre “investimentos fabris e novas aquisições”. Ele sugere que a CPI tome o depoimento de Jailton Batista, a quem caberia “a administração das rotinas diárias” da empresa.
Na quinta-feira (12), prestará depoimento o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Em junho, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) revelou à CPI que o presidente Jair Bolsonaro teria atribuído a Barros eventuais pressões relacionadas ao contrato da compra da vacina indiana Covaxin.
O senador Humberto Costa (PT-PE) antecipou, no entanto, que o depoente deverá ser questionado não apenas sobre a Precisa Medicamentos, mas também a respeito da VTCLog, transportadora que presta serviços ao Ministério da Saúde.
— Existem no Ministério da Saúde esquemas que seriam articulados por ele, que ele seria beneficiário. Existe também a discussão sobre mudanças que aconteceram durante o período em que ele era ministro e que beneficiaram empresas que agora foram duplamente beneficiadas com aditivos de contratos — afirmou o senador.
Já o senador Jorginho Mello (PL-SC) admitiu que o depoimento do líder do governo é um dos mais aguardados para encerrar o assunto do contrato da compra de vacinas indianas — já cancelado pelo Ministério da Saúde.
— Ele foi ministro nos outros governos, tem uma vida longa pública e tem muita coisa para dizer. Ele tem que ir lá para desvendar todas as questões perguntadas. Espero que seja um bom depoimento para que a gente avance nessa CPI — disse.
Em julho a CPI adiou a oitiva do deputado Ricardo Barros. Ele então recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para marcar o quanto antes o depoimento, alegando que estava impedido de exercer a ampla defesa por abuso de poder da CPI, que, segundo ele, estaria “atacando a própria honra”. Em outra ação, o líder do governo na Câmara conseguiu no Supremo o direito de acessar documentos da CPI que façam referência a ele.