O presidente Jair Bolsonaro aproveitou o encontro matinal com apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, na manhã desta terça-feira (3), para responder as duras críticas que recebeu do Judiciário, especificamente do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
— Barroso presta um desserviço à população brasileira — destacou, voltando a insistir na instituição do voto impresso no país. — Volto a pedir voto impresso. O Brasil está sendo agredido internamente.
Bolsonaro também voltou a apresentar as próprias estatísticas para dizer que as urnas eletrônicas não são confiáveis. Ainda questionou os apoiadores se confiavam mais "em relatório da Polícia Federal ou no Barroso".
Na segunda-feira (2), os ministros do TSE votaram, por unanimidade, a favor da instauração de inquérito administrativo e do envio de notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente pelas declarações — sem provas — de irregularidades no sistema eleitoral e por ameaça à realização das eleições.
"Último recado"
Em posse de dois relatórios da Polícia Federal sobre as urnas, Bolsonaro declarou que, se o presidente do TSE continuar "insensível" aos apelos contra o sistema eleitoral, e o povo desejar, haverá um movimento na Avenida Paulista, em São Paulo, para mandar um "último recado" ao ministro.
— Senhor Barroso, sua palavra não vale absolutamente nada. Está a serviço de quem? —questionou.
Bolsonaro voltou a se apoiar em suposto cálculo estatístico para sustentar versão segundo a qual houve fraude nas eleições municipais de São Paulo e afirmou que sobre o pleito de 2022 há dúvidas quanto à legitimidade do processo.
— Por que ele (Barroso) quer que a somatória de dúvidas permaneça entre nós? Não serão admitidas eleições duvidosas no ano que vem — declarou.
Bolsonaro se mostrou bastante insatisfeito com Barroso e dedicou toda a conversa com apoiadores para criticar o ministro. O chefe do Executivo argumentou que a briga com o presidente do TSE não era para mostrar "quem é mais macho", mas que ele não abria mão de demonstrar quem respeitava a Constituição, coisa que acusou o ministro de não fazer.
— O ministro Barroso presta um desserviço à nação brasileira, cooptando agora gente de dentro do Supremo, querendo trazer para si, ou dentro do TSE, como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o Supremo, não é. É contra o ministro do Supremo que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral querendo impor a sua vontade.