O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta segunda-feira (5) os encontros que teve com autoridades do Legislativo e do Judiciário, criticadas por parte dos seus apoiadores. Durante a manhã, por exemplo, Bolsonaro se encontrou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
— Com quem eu tomei café agora, alguém sabe? Rodrigo Maia. E daí? Estou errado? Quem é que faz a pauta na Câmara? — disse Bolsonaro a apoiadores, no Palácio da Alvorada, quando um deles questionou se era difícil governar com o Supremo Tribunal Federal (STF).
— Não entro no detalhe, não entro no detalhe. É um Poder que respeito — afirmou.
Bolsonaro não deu detalhes sobre o café da manhã, mas informou que pode sancionar na terça-feira (6) o projeto que altera o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Pela proposta aprovada, entre outras mudanças, a carteira de motorista passará a ter validade de 10 anos, ponto que foi destacado por Bolsonaro.
— Talvez amanhã eu vou sancionar com ele (Maia) e com o Alcolumbre a mudança no Código de Trânsito.
No sábado (3), o presidente se reuniu com o ministro Dias Toffoli, ex-presidente do STF, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e foi criticado por bolsonaristas nas redes sociais.
Indicação para STF
Como vem fazendo desde o fim da semana passada, o presidente voltou a defender sua decisão de indicar o desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) Kassio Marques para a vaga de Celso de Mello, que vai se aposentar do Supremo em outubro.
O nome de Marques tem sido atacado com base na atuação dele na magistratura e em suas convicções: desde a liberação para uma licitação do STF que previa a compra de alimentos como lagostas e vinhos caros; passando por uma suposta proximidade ao PT, a pecha de "desarmamentista" atribuída a ele e até o apoio que recebe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
No domingo (4), motivada tanto pelo encontro de Bolsonaro com Toffoli quanto pela indicação de Marques ao Supremo, apoiadores do presidente levaram a hashtag #BolsonaroTraidor a ser o assunto mais comentado no Twitter.
Segundo o presidente, a indicação para a vaga é como "seleção brasileira".
— É muita crítica aí de quem eu tô indicando pro Supremo, ou não? É que indicação pro Supremo, para muita gente ficou igual escalar a seleção brasileira: todo mundo tem seu nome, e aquele que não entrou o nome dele reclama, aí começa a acusar o cara de tudo. Esse mesmo pessoal, no passado, queria que eu botasse o Moro — disse.
O presidente disse que Marques era "católico e tem uma certa vivência na área militar". Em seguida, voltou a defender que quem decidiu pela permanência do italiano Cesare Battisti no Brasil foi o Supremo, e não o desembargador, e que a decisão de Marques que derrubou a liminar que proibia a compra de lagostas e vinhos caros no STF foi por uma questão jurídica.
— Mentira aquela questão que votou para o Battisti ficar aqui, quem disso isso foi o STF, não foi ele, decidiu em 99. O negócio das lagostas: é que a liminar não pode proibir isso ou aquilo que o Supremo pode comprar. Tem que ver se o processo licitatório estava legal, e estava legal — disse.
Bolsonaro também falou que Marques não era desarmamentista e, citando o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, defendeu que o indicado não era comunista, por ter relações com governos do PT.
— Acusa ele de comunista: "Ah, ele trabalhou com o PT". Pô, o Tarcísio trabalhou com o PT. Parece que o ministro da Defesa também trabalhou para o PT. Um montão de militar serviu no governo do PT.