Em uma nova tentativa de recuperar a liderança da bancada do PSL na Câmara dos Deputados, a Executiva Nacional do partido decidiu nesta terça-feira (4) suspender novamente das atividades partidárias Eduardo Bolsonaro (SP) e outros 16 deputados federais alinhados a Jair Bolsonaro, eleito pelo PSL e atualmente sem partido.
A Executiva é ligada ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar, de Pernambuco. A medida ainda precisa ser referendada pelo diretório nacional da legenda, que tem reunião marcada para a próxima terça-feira (11).
Há uma ala da direção do partido disposta a rejeitar a decisão desta terça-feira para evitar prolongar a briga interna no PSL, que se arrasta desde outubro de 2019. Dirigentes ligados a Bivar, porém, acreditam que é necessário reforçar a posição contrária à conduta dos bolsonaristas para isolá-los internamente.
No ano passado, 14 deputados federais já haviam sido suspensos pelo partido e tiveram a decisão homologada pela Câmara.
Um dos objetivos da ala ligada a Bivar era conseguir a maioria dos 53 deputados para emplacar Joice Hasselmann (SP) na liderança da bancada no lugar de Eduardo Bolsonaro. Joice chegou a ser nomeada líder do PSL. Os parlamentares punidos, porém, conseguiram reverter as sanções na Justiça e Eduardo retomou o posto.
A ideia do novo ato é conseguir mais uma vez a maioria da bancada para fazer de Joice a líder do partido no lugar de Eduardo em definitivo. Suspensos das atividades partidárias, eles não podem representar o PSL na Câmara.
Depois disso, novas representações contra o grupo foram apresentadas na comissão de ética do PSL, no final do ano. Nestes novos questionamentos à conduta dos deputados, foram usados como argumento o fato de eles fazerem campanha pela desfiliação de integrantes do PSL e apoio à Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro tenta criar. A comissão de ética entendeu que eles incorreram em infidelidade partidária e por isso recomendou aos dirigentes da legenda a aplicação de sanções.
A Executiva acatou as sugestões nesta terça e decidiu por suspender os seguintes deputados federais pelo período de 12 meses: Aline Sleutjes (PR), Bibo Nunes (RS), Sanderson (RS), Márcio Labre (RJ), Daniel Silveira (RJ), Major Vitor Hugo (GO), Caroline de Toni (SC), Bia Kicis (DF), Filipe Barros (PR), Carlos Jordy (RJ), Helio Lopes (RJ) — conhecido por Helio Negão —, Chris Tonietto (RJ), Eduardo Bolsonaro (SP), Júnio Amaral (MG), Carla Zambelli (SP), Alê da Silva (MG) e general Girão (RN).
Desses, apenas Helio Negão, Tonietto e Sleutjes haviam sido sancionados com advertência no ano passado. Além deles, foi sugerida a suspensão dos deputados estaduais Gil Diniz (SP) e Douglas Garcia (SP).
Dirigentes do partido entendem que a decisão da Justiça que impediu um grupo da sigla de ser suspenso da atividade parlamentar não o protege de novas sanções.
— O partido não é a casa da mãe Joana. O PSL tem um estatuto e tem regras, só que, infelizmente, por mais de uma vez alguns parlamentares faltaram com decoro, ofendendo e caluniando o partido na imprensa, nas redes sociais e na própria Câmara — diz o deputado Júnior Bozella (PSL-SP), vice-presidente da sigla.
— Além disso, eles (os deputados suspensos) vêm abertamente infringindo o estatuto declarando apoio a outra legenda, são coisas que não podemos permitir. Gostaríamos que não fosse necessário, mas infelizmente este grupo tem insistido em desrespeitar o nome e a história do PSL. Ninguém é obrigado a estar em lugar algum, mas se a decisão foi ficar o mínimo que existimos é respeito — afirma Bozella.
A briga no PSL que se arrasta desde outubro de 2019 foi motivada por críticas de Jair Bolsonaro e seus apoiadores à gestão de Luciano Bivar. O presidente da República acusa o dirigente de não dar transparência às contas da sigla.
Em novembro, Bolsonaro se desfiliou da sigla, mas conseguiu emplacar seu filho Eduardo na liderança da bancada na Câmara. Outros 26 deputados pediram desfiliação por justa causa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).