A operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (15) e que tem como alvo o presidente do PSL, Luciano Bivar, é mais um elemento que incendeia a crise instaurada dentro do partido do presidente da República, opondo duas alas que passaram a trocar farpas de forma mais incisiva nas últimas semanas: a ala bolsonarista e a ala ligada ao comando da legenda.
A coluna elencou três aspectos para situar a discussão.
Candidaturas laranjas
A operação de hoje tem como pano de fundo a investigação que apura se o PSL, partido do presidente, utilizou de candidaturas femininas de fachada, que serviram apenas para cumprir a cota determinada pela Justiça Eleitoral para que a legenda pudesse ter acesso a recursos milionários do Fundo Partidário.
O caso foi revelado, inicialmente, em reportagem do jornal Folha de São Paulo. O ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, chegou a ser indiciado pela polícia e denunciado pelo MP, mas até agora permanece no cargo.
Bolsonaro x Bivar
Nos últimos dias, o presidente da República, Jair Bolsonaro, subiu o tom contra o deputado Luciano Bivar, responsável por presidir a sigla. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bolsonaro afirma a um apoiador que Bivar está “muito queimado” e pede que ele esqueça o parlamentar. Por trás da disputa, os bastidores apontam o interesse nos recursos milionários do fundo partidário, já que a legenda devera receber um valor em R$ 737 milhões até 2022, conforme apontado pelo jornalista Bernardo Mello Franco. A ala bolsonarista conta mais transparência em relação ao uso dos recursos e pede prestação de contas. O deputado Bibo Nunes chegou a classificar a conduta de Bivar como “ditadura” e “coronelismo” e disse também que ele só está interessa em dinheiro. Bolsonaro ainda avalia sua saída do partido.
"Legenda de aluguel"
A ida de Bolsonaro para o PSL foi consolidada a partir de uma estratégia para disputar a Presidência da República. Antes de migrar para o novo partido, Bolsonaro estava deputado eleito pelo partido Progressista. No entanto, para que pudesse consolidar-se como postulante ao Planalto buscou um partido menor, que pudesse lhe dar espaço. Como parte do acordo, Bolsonaro estabeleceu que Gustavo Bebianno (hoje ex-ministro) permaneceria presidente interino do PSL - em vez de Bivar. A eleição de Bolsonaro fez o PSL turbinar seu tamanho no Congresso. Na carona da popularidade do atual presidente, foram eleitos 52 deputados e dois senadores em outubro.