Após o presidente Jair Bolsonaro divulgar vídeos convocando a população a ir às ruas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello manifestou repúdio às mensagens nesta quarta-feira (26). Em nota ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro diz que a atitude de Bolsonaro demonstra desconhecimento do "valor da ordem constitucional".
Liderada por parlamentares bolsonaristas e ativistas conservadores, a convocação – encaminhada pelo presidente a amigos, por meio de vídeos no WhatsApp – tem causado controvérsia e repúdio, até entre aliados do presidente, porque agrega bandeiras contra o Congresso e o Supremo.
Para Celso de Mello, a conclamação, "se confirmada", revela "a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!!", diz a Folha.
Ainda conforme a publicação, Celso de Mello adverte que "o presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República".
Por redes sociais e WhatsApp, apoiadores do presidente postaram imagens de ataque ao Congresso, retirada dos dirigentes da Câmara e do Senado e de alusão ao uso das Forças Armadas no movimento. Os atos podem azedar ainda mais a relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
Presidente responde sobre vídeo
O presidente Jair Bolsonaro chamou de "tentativas rasteiras de tumultuar a República" as interpretações sobre ele ter compartilhado um vídeo em apoio a atos contra o Congresso em 15 de março. Ele escreveu mensagem em rede social, mas não negou ter enviado a amigos por WhatsApp um vídeo que convoca a população a ir às ruas.