Uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, exibida na terça-feira (29), afirmou que o o nome de Jair Bolsonaro foi citado na investigação do Caso Marielle a partir de um depoimento do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente tem duas casas. De acordo com o funcionário, um dos suspeitos do crime — Élcio Queiroz — chegou ao condomínio horas antes do crime, às 17h10min, e disse que iria à casa de número 58, de Bolsonaro. O registro está no livro da portaria. O depoimento gerou repercussões ao longo desta quarta-feira (30). Veja no gráfico:
À Polícia Civil do Rio, o porteiro afirmou ter ligado para a casa 58, onde foi atendido por alguém que, pela voz, identificou ser o "seu Jair", e que liberou a entrada do visitante. Porém, o funcionário disse que, pelas câmeras de monitoramento, viu que o Logan dirigido por Élcio se deslocou para outra residência, a de número 66. Nesta casa, mora Ronnie Lessa, também suspeito dos assassinatos.
O funcionário contou ter ligado novamente para a casa 58, onde o mesmo homem que havia atendido anteriormente respondeu que sabia para onde Élcio estava indo. Apesar de o porteiro ter se referido ao interlocutor do interfone como "seu Jair", neste dia Bolsonaro estava na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde marcou presença em duas votações — uma às 14h e outra às 20h30min — e publicou vídeos nas redes sociais.
Bolsonaro, de imediato, reagiu à reportagem. Em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, disse que foi "surpreendido" e acusou o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), de ter vazado o processo, que está em segredo de Justiça, para a Globo. Depois, o presidente publicou no Twitter uma imagem associando a Globo a um esgoto e escreveu "canalhas".
Nesta quarta-feira (30), Bolsonaro disse que acionou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para checar a possibilidade de a Polícia Federal (PF) colher o depoimento do porteiro.
O Ministério Público, na tarde desta quarta-feira (30), afirmou que o porteiro do condomínio se equivocou no depoimento. Segundo a promotora Simone Sibilio, os áudios obtidos pelo MP mostram que o porteiro ligou para a casa 65, de Ronnie Lessa, e não a 58. O MP afirmou que a perícia foi concluída apenas nesta quarta e que ainda será incluída nos autos do depoimento. Simone também disse que nenhum áudio foi alterado ou apagado.