Cinco grupos mais bem definidos orbitam, hoje, o campo político da direita no Brasil. Apesar de, em algumas agendas, demonstrarem disparidade, se encontram em outras — a principal delas, na repulsa à esquerda.
Bolsonarista
Apoiadores de primeira hora de Jair Bolsonaro, que lhe deram respaldo antes mesmo de ele decolar nas pesquisas eleitorais do ano passado. Esse bloco repete o apelido de "mito" dado ao presidente e pouco questiona as suas decisões, mesmo que controversas. Reconhece a liderança de seus filhos – Carlos, Eduardo e Flávio – e, assim como eles, costuma atacar a imprensa e classificar as vozes dissonantes como "esquerdistas".
Conservador
Defensores das pautas de costumes, que defendem as instituições sociais tradicionais, como a família e a religião. Esse segmento refuta temas como o casamento de pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto, enquanto apoia propostas como a redução da maioridade penal e a prisão perpétua. No governo federal, os seus principais porta-vozes são os ministros da chamada ala ideológica, como Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Abraham Weintraub (Educação).
Lava-jatista
Identificados com a Lava-Jato, se curvam à pauta anti-corrupção sem questionar os métodos da operação. Entre os seus ídolos, estão os integrantes da força-tarefa de Curitiba – em especial, o procurador Deltan Dallagnol e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ex-juiz à frente das investigações. Parte dessa ala vê com maus olhos casos ligados ao governo federal que vão na contramão da sua agenda, como o laranjal do PSL e as suspeitas de lavagem de dinheiro que envolvem Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e critica o Supremo Tribunal Federal (STF).
Liberal
Ligados ao programa econômico, adotam a ideia de um Estado enxuto e menos intervencionista. A esse grupo, são caras propostas como as reformas da Previdência e tributária e a caderneta de privatizações. Em Brasília, o seu principal representante é o ministro da Economia, Paulo Guedes, alinhado ao liberalismo.
Militar
Saudosistas da ditadura militar ou ligados ao campo da segurança pública, se identificam com a ala militar do governo federal - por exemplo, o vice-presidente, Hamilton Mourão. Esses apoiadores ressuscitam valores como a moral, a ordem e o patriotismo e querem medidas duras contra bandidos. Uma parcela, em protestos anti-esquerda, ergue cartazes que pedem o fim da democracia mediante uma intervenção militar.
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