![Antonio Cruz / Agência Brasil Antonio Cruz / Agência Brasil](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/25407123.jpg?w=700)
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (16) que não quer tomar o controle do PSL e que não tem mágoas do presidente nacional do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE). Na saída do Palácio do Alvorada, onde costuma conversar com simpatizantes, ele voltou a cobrar a transparência na prestação de contas da sigla e disse que não justifica criticá-lo por tentar dividir ou tumultuar a legenda.
— O partido tem de fazer a coisa que tem de ser feita. Normal, não tem que esconder nada. Eu não quero tomar partido de ninguém. Agora, transparência faz parte. O dinheiro é público — disse.
— Não tenho mágoa com ninguém — respondeu ao ser indagado sobre sua relação com o atual presidente da legenda.
Na semana passada, Bolsonaro pediu a Bivar a realização de uma auditoria externa nas contas da legenda. A ideia tem sido a de usar eventuais irregularidades nos documentos como justa causa para uma desfiliação de deputados da sigla, o que evitaria perda de mandato.
O episódio, no entanto, criou uma disputa interna no partido, com a ameaça inclusive de expulsões. Na terça-feira (15), a temperatura da crise aumentou com a deflagração de uma operação da Polícia Federal (PF) em endereços ligados a Bivar, na esteira da investigação de supostas candidaturas laranja, caso revelado pela Folha de S. Paulo.
Apesar do discurso de pressão a Bivar, Bolsonaro mantém no cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, indiciado pela PF e denunciado pelo Ministério Público por três crimes no suposto esquema dos laranjas.
— O partido está com a oportunidade de se unir na transparência. Não tem um lado A ou um lado B. O presidente falou em transparência. Eu falei, sim, em transparência. Então, vamos mostrar as contas. E não ficar, como a gente vê noticias por aí, de expulsa de lá, tira da comissão, vai retaliar — disse Bolsonaro.
A investigação deu início a uma crise na legenda e tem sido um dos elementos de desgaste entre o grupo de Bivar e o de Jair Bolsonaro, que ameaça deixar o partido.
Em fevereiro, a Folha de S.Paulo mostrou que o grupo de Bivar teria criado uma candidata de fachada em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018.
Questionado nesta quarta-feira se defende a saída de Bivar do comando da sigla, o presidente disse que não defende "nada" e que só cobra um gesto de transparência. Ele ressaltou que deve ao PSL a sua eleição ao Palácio do Planalto, apesar de outros partidos terem oferecido legenda.
Mesmo com a instabilidade no partido, o presidente disse acreditar que o Senado aprove nesta quarta-feira (16) a medida provisória da reestruturação administrativa, que perde a a validade na quinta-feira (17). "Foi votada na Câmara e deve votar hoje. Devo conversar com o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP). A gente vai se acertando", ressaltou.