Em meio a uma crise entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do PSL, Luciano Bivar, a liderança do partido na Câmara orientou os deputados a derrotar o governo. Delegado Waldir (PSL-GO) orientou obstrução contra medida provisória (MP) que transfere a articulação política do governo de Onyx Lorenzoni para o militar Luiz Eduardo Ramos.
A MP, entretanto, foi aprovada por 314 votos a 57, com todos os votos favoráveis do PSL - inclusive de Waldir. Em um determinado momento da sessão, o deputado afirmou que estavam "alterando a orientação" do partido "sem a comunicação do líder". Assim, o governo não foi derrotado e a medida provisória não perdeu a validade.
Waldir é aliado do presidente do partido, Luciano Bivar (PSL-PE), que foi alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta terça-feira (15). Mais cedo, ele partiu para o confronto lançando indiretas ao grupo de Bolsonaro, ao citar ações recentes da PF contra o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE) e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
— O presidente da República parece ter uma bola de cristal e já estava esperando essa operação. Pela lógica, os próximos devem ser Flávio e Queiroz — alfinetou Waldir, citando o filho do presidente e seu ex-assessor, suspeitos de confiscarem parte dos salários de assessores.
A retaliação também atingiu comissões. O líder do governo na Câmara, major Vítor Hugo (PSL-GO), foi retirado por Waldir da comissão que analisa a reforma da Previdência dos militares, segundo o jornal O Globo.
A ação da PF ocorreu no âmbito da investigação sobre um esquema de candidaturas laranjas no partido. Os mandados foram autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco.
A casa de Bivar no Recife e a sede do partido estavam entre os alvos. Endereços de três candidatas, Maria de Lourdes Paixão, Érika Santos e Mariana Nunes, e de duas gráficas, Itapissu e Vidal, bem como seus representantes, também tiveram busca e apreensão.
A operação ganhou o nome de Guinhol em referência a um marionete, "personagem do teatro de fantoches criado no século 19 diante da possibilidade de candidatas terem sido utilizadas exclusivamente para movimentar transações financeiras escusas", informou a PF.