Advogado de Jair Bolsonaro e ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Admar Gonzaga afirmou nesta terça-feira (15) que vê elementos claros para que o presidente possa deixar o partido pelo qual se elegeu, o PSL. Segundo ele, há "justa causa" em função da "falta de transparência" no uso de recursos partidários e da negativa para prestação de contas.
Gonzaga também chamou a atenção para o fato de o PSL ter colocado como "alvos" deputados contrários a Luciano Bivar, hoje presidente da sigla, e que exigiram abertura dos dados financeiros.
— É bastante sintomático um partido que pune quem cobra transparência. Quando se tem só uma pessoa reclamando, é uma coisa. Mas quando se vê um grupo se rebelando contra o que não é ético, se isso não é justa causa, eu não sei mais o que é — afirmou, em entrevista transmitida pelo programa Timeline, da Rádio Gaúcha.
Para Gonzaga,a justa causa é "óbvia" a partir do momento em que o comando do PSL se recusa a cumprir as regras de transparência. Bolsonaro, que usou em sua campanha eleitoral uma retórica de defesa da transparência no uso de recursos públicos, tem dito que o partido deve informar como é distribuído e aplicado o montante que recebe dos fundos partidário e eleitoral.
— Existe uma justa causa. Exatamente descumprir aquilo que é mais caro para a vida política, utilizar métodos republicanos, cumprir a lei. É uma justa causa "chapada", digamos assim, que qualquer um compreende (...) Se o partido pretende errar ainda mais, que o faça, mas que assuma as consequências. A época do coronelismo acabou — sentenciou.
Para o advogado, a "justa causa" se estende também aos parlamentares que, na visão dele, não devem perder o mandato caso decidam deixar a legenda. Ele explicou que no caso de Bolsonaro essa possibilidade não existe (perder o mandato), por se tratar de cargo majoritário.
— O presidente da República não precisa esperar, ele sai ou permanece no partido quando quiser, é uma decisão dele. A gente quer construir um ambiente absolutamente limpo ou entrar numa casa absolutamente limpa. Os deputados não estão mais dispostos a morar numa casa que não respeite às leis — completou.
O advogado ainda teceu elogios ao deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) e ao fato de ele ter se posicionado ao lado de Bolsonaro e contrário à direção do PSL, antes mesmo de a crise se agravar. Bibo e outros parlamentares podem acabar expulsos do partido, a partir de reunião da executiva da legenda, marcada para esta terça-feira.
— Bibo Nunes é um integrante de primeira hora. É um homem corajoso, ele está reclamando disso há muito tempo. Causa espécie um partido querer expulsar alguém que cobre moralidade. E essa manifestação do partido prova que estamos no caminho certo — afirmou.
Ele comentou a operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (15), que tem Bivar como um dos alvos, e disse que se houver erros é preciso punição. Entretanto, ressaltou que não há relação com a decisão de Bolsonaro sobre deixar a legenda.
— Essa é uma investigação que vem correndo há muito tempo. Não tem nenhuma relação com a nossa atuação, foi uma coincidência. Mas a Justiça também está atenta. O Brasil continua trabalhando, cada qual no seu setor