O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (12) que defende a abertura da caixa-preta de seu partido, o PSL, para analisar os gastos da verba do fundo partidário destinada à sigla.
— A gente quer transparência. Eu não quero que estoure um problema e depois a imprensa me culpe, "ah, você não sabia?" — disse. — A gente quer abrir a caixa-preta para que o partido honre a bandeira que a gente tinha lá atrás. Não pode pegar uma verba de R$ 8 milhões, dinheiro público, e uma minoria decidir o que fazer.
O titular do Planalto, que usou em sua campanha eleitoral uma retórica de defesa da transparência no uso de recursos públicos, tem dito que o PSL deve informar como é distribuído e aplicado o montante que recebe dos fundos partidário e eleitoral.
Bolsonaro fez a afirmação no estádio do Pacaembu, onde chegou à noite para acompanhar a partida entre Palmeiras e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro. Ao longo da semana, cresceu a tensão entre bolsonaristas e a ala ligada ao presidente nacional da sigla, Luciano Bivar.
O presidente se esquivou ao ser questionado sobre o que poderia encontrar na caixa-preta da legenda.
— Aí eu não vou falar. É o que pode encontrar em qualquer lugar. Espero que não tenha nada de ilegal — afirmou.
Filiado ao PSL desde março de 2018, Bolsonaro não descartou deixar o partido e disse considerar seu papel importante nas eleições municipais de 2020.
— Se eu estiver bem como estou agora, eu tenho o poder de influenciar nas eleições municipais. Então eu não abro mão de indicar nomes — disse. — A gente quer começar as eleições de 2020 com o pé direito.
Nesta sexta-feira (11), Bolsonaro pediu ao presidente do PSL a realização de uma auditoria externa nas contas do partido. O requerimento enviado ao Diretório Nacional da sigla foi assinado por Karina Kufa, Admar Gonzaga e Marcello Dias de Paula, advogados do presidente da República.
Além de Bolsonaro, defendem a auditoria externa 21 deputados federais. Eles querem a prestação de contas do PSL dos últimos cinco anos.
O pedido foi feito como consequência da crise que se instalou na relação entre o presidente e seu partido. Na terça-feira (8), Bolsonaro afirmou a um apoiador que Bivar está "queimado pra caramba". Depois disso, ele disse a aliados que pretendia deixar o PSL.