A Polícia Federal (PF) indiciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), por suspeita de envolvimento em esquema de candidaturas laranjas em Minas Gerais, Estado pelo qual se reelegeu deputado federal em 2018. A investigação policial concluiu que o ministro comandou esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada nas últimas eleições.
Álvaro Antônio foi indiciado nesta semana sob suspeita dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa — com pena de cinco, seis e três anos de cadeia, respectivamente.
O relatório policial com o indiciamento de Marcelo Álvaro Antonio foi enviado nesta sexta-feira (4) ao Ministério Público de Minas. O indiciamento serve como base para que o Ministério Público decida se oferece ou não denúncia à Justiça contra Álvaro Antônio.
Caso a decisão da Promotoria seja em sentido similar ao da PF, a Justiça decidirá se aceita ou não essa denúncia. Em caso positivo, Álvaro Antônio se torna réu e passa a responder a processo. A reportagem procurou o Ministério do Turismo na manhã desta sexta-feira e aguarda manifestação de Álvaro Antônio sobre o indiciamento.
Na tarde desta quinta-feira (3), o ministro se reuniu com o presidente Bolsonaro. Mas o teor da conversa não foi tornado público. No dia 13 de março, em um café da manhã com jornalistas, Bolsonaro defendeu pressa na investigação da PF e disse que tomaria uma decisão sobre a permanência do ministro se a polícia concluísse pelo envolvimento dele no caso dos laranjas.
— Podem ter certeza que uma decisão será tomada, lamento — afirmou na ocasião.
O caso das laranjas
Conforme reportagens do jornal Folha de S.Paulo, Álvaro Antônio teria patrocinado um esquema de candidaturas de fachada em Minas que direcionou verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao seu gabinete na Câmara dos Deputados.
O material aponta ainda que, após indicação do PSL mineiro — presidido à época pelo próprio Álvaro Antônio —, o comando nacional do partido do presidente Jair Bolsonaro repassou R$ 279 mil a quatro candidatas. O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres.
Apesar de figurar entre os 20 candidatos do PSL no país que mais receberam dinheiro público, essas quatro mulheres tiveram desempenho insignificante no pleito. Juntas, receberam pouco mais de 2 mil votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.