O presidente Jair Bolsonaro prometeu nesta quinta-feira (8) divulgar aos veículos de comunicação seus gastos pessoais com o cartão corporativo da Presidência da República.
Em live semanal, nas redes sociais, ele disse que levará um grupo de jornalistas a um caixa eletrônico para que tenham acesso ao seu extrato bancário de janeiro a julho deste ano.
— Eu vou abrir o sigilo do meu cartão. Para vocês tomarem conhecimento quanto gastei de janeiro até o final de julho. Ok, imprensa? Vamos fazer uma matéria legal? — afirmou.
Segundo ele, o objetivo é desmentir acusações de que teria gasto cerca de R$ 1 milhão por mês. Na transição de governo, a equipe do presidente chegou a cogitar a extinção do cartão, mas desistiu.
— Agora, gostaria que a imprensa fizesse uma materiazinha com meu gasto com cartão corporativo. Não vou falar quanto gastei, não, está desafiada a imprensa. Vou com vocês, na boca do caixa, digito a senha e vai aparecer todo meu gasto com cartão corporativo — ressaltou.
Os cartões corporativos são usados no serviço público para despesas como compra de materiais, prestação de serviços e abastecimento de veículos oficiais, por exemplo. Os valores totais da gestão pública são abertos, mas há sigilo sobre despesas consideradas de segurança nacional, como a alimentação e o transporte do presidente.
Na transmissão online, Bolsonaro voltou a ironizar a imprensa ao citar medida provisória que permite a empresas de capital aberto a publicação de balanços no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou do Diário Oficial, em vez de veículos impressos. Segundo ele, a iniciativa evita que se derrubem árvores no país.
— As projeções não precisas são que, por ano, os empresários vão deixar de gastar R$ 1,2 bilhão com jornais. Então, um lucro que vai ser comemorado com toda a mídia. A mídia é favorável e eu tenho certeza de que todos os jornais são favoráveis a essa medida. Ajudar a não desmatar mais para fazer o jornal — disse.
O presidente voltou a afirmar que avalia também estender a medida para editais do serviço público por meio de uma nova medida provisória.
Pacote anticrime
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participou da live semanal de Bolsonaro nesta quinta (8).
Após sofrer uma derrota na Câmara, Moro tentou dissociar a sua imagem do pacote anticrime, apresentado como o seu cartão de visita na pasta.
Na live, ele disse que a proposta não é sua, mas do governo Jair Bolsonaro, e apelou à sensibilidade dos deputados federais para que ela seja aprovada neste ano.
— A gente respeita muito a pauta da Câmara, apenas estamos chamando a sensibilidade desse projeto. Se me permite uma correção: não é um projeto do Moro, é um projeto do governo Jair Bolsonaro e é um projeto que interessa a sociedade em geral — disse.
Na terça-feira (8), o grupo de trabalho que analisa o pacote rejeitou a inclusão no texto final do chamado plea bargain, tipo de solução negociada entre o Ministério Público, o acusado de um crime e o juiz.
Bolsonaro lamentou nesta quinta a derrota sofrida pelo ministro, mas ressaltou que o ex-juiz federal "não julga mais ninguém" e que não pode decidir as coisas de forma unilateral, o que causou constrangimento no Ministério da Justiça.
A repercussão negativa levou o presidente a convidar o ministro a participar da live semanal, em uma tentativa de prestigiá-lo. Na transmissão online, ele disse esperar que o Poder Legislativo trate o tema com "velocidade" e "responsabilidade".
— Nós esperamos que o Parlamento se debruce sobre isso e coloque em votações. Com certeza, vão fazer algumas alterações, isso é natural — afirmou.
Moro disse ainda que a sociedade clama por mais segurança e que o Ministério da Justiça tem atuado para garanti-la. Segundo ele, o pacote anticrime tem condições de diminuir a violência.
— Ninguém vai conseguir zerar a violência no Brasil. Nós temos de ter medidas que desestimulem quem, por ventura, queira cometer o crime — disse o presidente.
Bolsonaro afirmou ainda que pedirá ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que paute projeto que reduz a maioridade penal para crimes graves, como sequestro, tráfico de drogas e lesão corporal seguida de morte.
— Vou pedir a ele para colocar em pauta a redução da maioridade penal para esses crimes —disse. — Não é o que gostaria. Eu queria que passasse para 16 anos para todos crimes —ressaltou.
Em julho, a Casa já havia imposto uma derrota ao ministro de Bolsonaro ao rejeitar a possibilidade de prisão em segunda instância, que era prevista no pacote.