O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Maurício Valeixo, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (23), que não há na corporação inquéritos em curso para apurar a conduta do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil.
A manifestação de Valeixo foi no âmbito de uma ação ajuizada pelo partido Rede Sustentabilidade para questionar a existência de eventual investigação sobre o jornalista por causa da divulgação de mensagens trocadas entre autoridades da Operação Lava-Jato.
Desde 9 de junho, o site The Intercept Brasil tem publicado uma série de reportagens com mensagens trocadas entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da Lava-Jato, como Deltan Dallagnol.
"Foram consultadas as áreas técnicas deste órgão policial, a saber, a Corregedoria-Geral de Policia Federal, a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, a Diretoria de Inteligência Policial e a Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, restando evidenciado que não há inquérito policial instaurado com o objetivo de apurar a conduta do jornalista Gleen Greenwald", afirmou o diretor-geral da PF ao Supremo.
A Rede acionou o STF no último dia 11 após notícias de que a PF havia instaurado inquéritos para apurar o vazamento das mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram.
"É manifesto que existem inquéritos e que no bojo de tais procedimentos possivelmente houve um pedido, junto ao Coaf, de quebra do sigilo de movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald. O que indica uma linha de investigação focada no profissional jornalista e não nas pessoas realmente sujeitas à investigação nesse caso", argumentou a Rede.
Com base no direito à liberdade de imprensa, o partido pediu que eventuais investigações que pudessem existir sobre Greenwald fossem suspensas e que, ao final, fosse declarada a inconstitucionalidade da apuração.
Hackers
Também nesta terça, a PF prendeu quatro pessoas sob suspeita de terem invadido telefones de autoridades, incluindo o de Moro e o de Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava-Jato. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais sete de busca e apreensão e quatro de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP).
A PF chegou aos suspeitos por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones.
A investigação ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo sob investigação em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens dos procuradores da Lava-Jato obtido pelo site The Intercept Brasil.