Diálogos atribuídos ao procurador Deltan Dallagnol apontam que o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná condicionou sua participação em uma palestra no Ceará, em julho de 2017, ao pagamento de passagem e hospedagem em um parque aquático para ele, a esposa e os dois filhos. Os supostos diálogos foram obtidos pelo site The Intercept Brasil por meio de fonte anônima e publicados por Mônica Bergamo, colunista do jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com a colunista, Dallagnol discutiu o assunto com a esposa em julho de 2017. Na ocasião, o procurador abordava a possibilidade de fazer uma palestra sobre combate à corrupção na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), mediante pagamento de cachê. "Posso pegar (a data de) 20/7 e condicionar ao pagamento de hotel e de passagens pra todos nós", disse Dallagnol à esposa.
Um mês depois, o procurador citou o episódio em conversa com o então juiz Sergio Moro, sugerindo que o magistrado poderia avaliar futuros convites da Fiec. "Eu pedi pra pagarem passagens pra mim e família e estadia no Beach Park. As crianças adoraram", disse Dallagnol. "Além disso, eles pagaram um valor significativo, perto de uns 30k (R$ 30 mil). Fica para você avaliar."
Na mesma conversa, Dallagnol ainda comemorou o fato de não ter sofrido punição do Ministério Público Federal (MPF) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por dar palestras remuneradas: "Não sei se você viu, mas as duas corregedorias — MPF e CNMP — arquivaram os questionamentos sobre minhas palestras dizendo que são plenamente regulares".