Ao criticar o presidente venezuelano Nicolás Maduro, durante transmissão ao vivo pelas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, afirmou que o Palácio do Planalto vê a situação na Venezuela como "indefinida". Em meio a críticas, pediu patriotismo aos militares do país vizinho e denunciou o "aliciamento" de parte da tropa.
—Esses generais foram aliciados e comprados por cargos que lhes dão um salário muito maior e que são influentes na economia. Então, a economia do petróleo, que é a grande fonte da Venezuela e que reduziu a produção a 840 mil barris diários, é significativo como perda para o país. Além disso, empregou muito dos seus generais no tráfico de drogas. Isso é terrível — afirmou.
Sem citar nomes, Heleno criticou quem considerou como derrota a tentativa frustrada do autoproclamado presidente da Venezuela Juan Guaidó de chegar ao Palácio Miraflores. Ele apelou aos militares de alta patente, ainda fiéis ao governo, que tenham "patriotismo" para levar o país "ao caminho da liberdade e da democracia".
Ainda assim, admitiu que vê dificuldades na saída de Maduro do poder:
— Não é fácil tirar do poder alguém eleito sem legitimidade que resolveu aliciar seus generais, surpreendentemente em torno de 2 mil — disse Heleno, referindo-se ao alto número de militares de alta patente. No Brasil, são cerca de 300 generais.
Em seguida, Bolsonaro disse acreditar que fissuras entre militares de patentes mais baixas possam chegar à cúpula das Forças Armadas. Também salientou que, com a queda da produção de petróleo na Venezuela, o Brasil é impactado pela baixa da demanda, levando a uma possível alta de preços nos combustíveis. Entretanto, a produção da Venezuela não deve significar uma alteração grave nos valores no Brasil.
Ele foi interrompido pelo empresário Luciano Hang, convidado para participar da transmissão para explicar a medida provisória editada pelo governo voltada para o setor empresarial, chamada de “MP da liberdade econômica”. O dono das lojas Havan fez questão de explicar que o presidente não é o “responsável pelo aumento da gasolina”.
Bolsonaro ainda explicou a assinatura da medida provisória que abriu crédito suplementar de R$ 223,8 milhões ao Ministério da Defesa para ações de acolhimento de venezuelanos que venham para o Brasil. Ele afirmou que os recursos serão empregados para “atender demandas do Exército, na Operação Acolhida”.
Ao concluir a abordagem do assunto, Bolsonaro ainda mencionou a Argentina, defendendo a continuidade da linha política adotada pelo governo de Mauricio Macri, apesar da crise econômica vivida pelos argentinos.
Assim como fez durante a campanha eleitoral, afirmando que o Brasil “viraria uma Venezuela” caso o PT vencesse as eleições, sustentou que situação semelhante pode acontecer se a esquerda voltar ao poder no país.
— Eu, como cidadão, tenho a preocupação que volte o governo anterior ao Macri. A presidente anterior (Cristina Kirchner) era ligada com Dilma, Lula, Venezuela, Cuba (...) Se o Macri não está indo bem, paciência até. Vai lutar para melhorar.