Sem detalhar as causas, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (1º) que a incerteza sobre a situação da Venezuela, com risco de aumento do nível do embargo comercial ao país pelos Estados Unidos, poderia elevar o preço do petróleo, afetando o Brasil. Bolsonaro voltou a mencionar a política de preços da Petrobras, que repassa as variações externas dos preços da matéria-prima para os combustíveis:
– Temos que (nos) preparar, dada a política da Petrobras, de não intervenção da nossa parte. Mas poderemos ter um problema sério dentro do Brasil devido ao que acontece lá.
Embora tenha a maior reserva do mundo (303 bilhões de barris, enquanto a Arábia Saudita tem 266 bilhões), o país foi origem de apenas 2,3% da venda mundial de petróleo em 2018, segundo a Top World Exporters. A medida de reserva se refere a todo o volume de petróleo existente em jazidas subterrâneas ou submarinas, sem necessariamente ser explorado.
Entre 2007 e 2017, a produção de petróleo caiu quase à metade, conforme o relatório anual da BP, um dos mais respeitados no setor. Parte da causa foi embargo, parte dificuldade da PDVSA, petrolífera estatal. Como o Brasil produz o mesmo tipo de óleo pesado extraído na Venezuela, não importa de lá, conforme dados do Ministério da Economia.
Compra mais até dos Estados Unidos, que se tornou exportador depois de descobrir reservas de shale oil (conhecido como óleo de xisto, embora seja uma tradução imprecisa). Nem agora, nem nos governos do PT. Como integrante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Venezuela pode balançar a cotação global. Mas seu peso no mercado precisa ser relativizado. A advertência de Bolsonaro parece mais uma tentativa de se vacinar ao risco de ser cobrado pelos caminhoneiros do que uma preocupação informada com o futuro da cotação do petróleo.