O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quinta-feira (2) que, observando o cenário político na Venezuela, é possível avaliar que o oposicionista Juan Guaidó não tomou a "melhor decisão" ao ter iniciado o movimento para tentar derrubar o presidente Nicolás Maduro.
O general da reserva ponderou, no entanto, que não é possível saber quais informações o líder opositor dispunha para optar pela decisão que acabou adotando. Desde terça (30), forças do governo têm reprimido manifestações contra Maduro, que registraram até o momento quatro mortos.
— Não estou no sapato dele, não sei quais dados ele tinha para essa decisão que ele tomou. A gente especula que não sei se estava com medo de ser preso ou se alguns elementos das Forças Armadas tinham prometido determinados apoios. Olhando agora, a gente julga que não foi a melhor (decisão) dele. Mas é o processo que está acontecendo lá na Venezuela — acrescentou.
Na quarta-feira (1º), na saída de reunião para discutir a situação no país vizinho, Jair Bolsonaro afirmou que Guaidó não sofreu derrota no conflito interno e o elogiou pelo "espírito patriótico e democrático" de lutar pela democracia e liberdade na Venezuela. O presidente disse ainda que há chances de o regime chavista ruir.
Até o momento, as forças de oposição não conseguiram o apoio das Forças Armadas, que continuam leais a Maduro. Segundo dados da ONG Foro Penal, cerca de 200 pessoas ficaram feridas nos dois dias de protestos.
O vice-presidente ressaltou que a ordem no governo brasileiro continua sendo a de acompanhar os acontecimentos e não intervir no país vizinho. Ele ressaltou que o único plano tem sido o de abastecer Roraima com combustível para que as usinas termoelétricas garantam o fornecimento de energia elétrica no Estado.
Nesta tarde, Mourão também concedeu entrevista à Rádio Gaúcha. Ele afirmou que o Brasil observa a situação na Venezuela com "cuidado" e "cautela" para que se chegue a uma "solução de forma pacífica". Segundo ele, é difícil colocar um prazo de conclusão para o processo ocorrido no país vizinho.
O vice-presidente disse ainda que acha que pode existir uma fissura nos escalões subalternos, mas que "não há uma luz no fim do túnel". Ele disse acreditar que Guaidó deva estar se deslocando de residência em residência na Venezuela, "porque Maduro vai tentar prendê-lo".
—A partir do momento que o governo brasileiro reconheceu Guaidó, cessaram maiores contatos com o grupo de Maduro. Seguem alguns canais informações do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério da Defesa—afirmou.