O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica disse na quarta-feira (1°), durante ato ao Dia do Trabalho, em Montevidéu, que os manifestantes venezuelanos não deveriam ficar na frente de tanquetas da Guarda Nacional Bolivariana — grandes veículos blindados que têm sido utilizados na repressão aos protestos anti-Nicolás Maduro. A afirmação foi gravada e divulgada pelo jornal argentino Clarín.
— (Os manifestantes) não deveriam ficar na frente das tanquetas — respondeu Mujica ao ser questionado sobre o episódio durante ato do Dia do Trabalho em Montevidéu.
No início de fevereiro, o ex-presidente do Uruguai afirmou em entrevista ao serviço de notícias em espanhol da BBC que, para evitar que a crise na Venezuela termine em uma guerra, é preciso haver eleições gerais no país.
Embora ele tenha mantido uma relação próxima como o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, que morreu em 2013, Mujica evita se posicionar sobre Nicolás Maduro. Entretanto, na ocasião, ele reconheceu que "o regime venezuelano" prejudicou a esquerda na América Latina.
— Parte da esquerda não aprende as lições da história — criticou.
Na terça-feira (30), após inicio do levante da oposição contra Maduro, um grupo de opositores foi atingido por um veículo militar, segundo imagens de televisão. Militares dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes de dentro da base de La Carlota.
Protestos
Desde o início dos protestos, na manhã de terça (30), duas pessoas morreram na Venezuela em confrontos entre a oposição e e as forças leais a Maduro. Samuel Méndez, 24 anos, após participar de protestos no estado de Aragua, e Jurubith Rausseo, 27 anos, após levar um tiro na cabeça na praça de Altamira, em Caracas.
Segundo a deputada Manuela Bolívar, 89 manifestantes foram detidos em todo o país. Na terça, outras 150 pessoas tinham sido presas. Ainda de acordo com a parlamentar, protestos ocorreram em 397 pontos no país e as forças do regime reprimiram 23 desses atos.