O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou a deputados do DEM que pretende mudar a legislação trabalhista para aproximá-la da "informalidade".
— No que for possível, sei que está engessado no artigo sétimo (da Constituição), mas tem que se aproximar da informalidade — declarou em reunião com os parlamentares nesta quarta-feira (12), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). O artigo 7º trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, como férias e décimo terceiro.
Bolsonaro falou sobre o assunto ao fazer críticas ao PT e ao Bolsa Família. Ele disse ser favorável ao programa, mas destacou que deve possibilitar formas de saída e oportunidades de emprego.
— Nós temos direitos demais e empregos de menos, tem que chegar a um equilíbrio. A reforma aprovada há pouco tempo já deu uma certa tranquilidade, um certo alívio ao empregador e repito o que falei ontem: é difícil ser patrão no Brasil — reforçou.
O presidente eleito também fez críticas ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
— Se tiver clima, a gente resolve esse problema. Não dá mais para quem produz ser vítima de ações de uma minoria, mas de uma minoria atuante.
O pronunciamento foi gravado pelo deputado federal Francisco Floriano (DEM-RJ) e transmitido ao vivo no Facebook. As críticas foram baseadas principalmente na denúncia do MPT que pediu multa de R$ 100 milhões sobre o seu aliado Luciano Hang, dono da Havan. Ele foi denunciado por suposta coação de funcionários durante o período eleitoral, para apoiarem Bolsonaro.
— O Luciano Hang está com uma multa de 100 milhões porque teria aliciado funcionários a votarem em mim. Como é que os caras conseguem bolar um negócio desses? — questionou.
Ele disse, mais uma vez, que "ser patrão no Brasil é um tormento".
— Eu poderia ter microempresa, mas sei das consequências depois se meu negócio der errado. Devemos mudar isso daí.
Também defendeu que os patrões e as empresas sejam tratados como amigos:
— Nós queremos que tenha fiscalização sim, mas que chegue no órgão a ser fiscalizado e que a empresa seja atendida como amiga. Vê o que está errado, faz observações, dá um prazo, e depois volta pra ver se a exigência foi atingida. E aí multa. Não fazer como está aí. Ser patrão no Brasil é um tormento.
Na semana passada, Bolsonaro já havia dito que é preciso mudar "o que for possível" na legislação trabalhista, mas não detalhou quais pontos quer priorizar. Ele defendeu um aprofundamento da reforma trabalhista já aprovada pelo governo Michel Temer a diversos partidos que se reuniram com ele no CCBB.