A reunião entre Eduardo Leite (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) que aconteceu em Brasília, na tarde desta quarta-feira (12), foi uma conversa de "aproximação" entre os dois governantes eleitos. De acordo com o tucano, o objetivo do encontro foi "alinhamento de propósitos" e "entendimento" do que pode ser feito para debelar a crise fiscal pela qual o Rio Grande do Sul passa.
Leite, entretanto, reiterou que a eventual privatização do Banrisul não é uma possibilidade viável no momento.
— A privatização do banco não está em condições de ser negociada nesse momento por uma decisão do povo gaúcho, de um entendimento do parlamento. Isso é perceptível. Não vamos falar sobre o que não é possível de ser feito. Vamos falar sobre as pautas que são possíveis de ser trabalhadas, são as privatizações de outras empresas, outras reformas da estrutura do Estado, que nos deem a condição de ajustar as contas do Rio Grande do Sul — afirmou Leite em entrevista na saída da reunião.
No dia 28 de novembro, a secretária-executiva do Ministério da Fazenda Ana Paula Vescovi afirmou, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, que a decisão de não privatizar o banco impedia a aprovação do acordo de recuperação fiscal do Estado. Os termos apresentados pelo governo federal eram conhecidos desde o dia 4 de setembro.
Leite, entretanto, afirmou que a disposição do atual governo é manter o banco público e oferecer outras alternativas para obter capital, como a venda de ações:
— Eu reportei a ele que o Estado mantém a sua disposição de manter o banco público. Já tem abertura de capital, ações que podem ser colocadas no mercado, tudo a gente pode fazer, mas com a manutenção do controle público do banco. Foi uma reunião de aproximação, de conversa, para que o governo compreenda a nossa disposição de colocar o Estado em equilíbrio fiscal e as bases do nosso projeto, afinado com o seu projeto de reestruturação do país.
O governador eleito também se dispôs a fazer uma "profunda reforma no Estado" para assegurar as condições de fazer a economia crescer.
— Nós nos dispusemos a discutir a privatização de empresas como CEEE, CRM, Sulgás, EGR, oferecer concessões de estradas, uma profunda reforma para botar (o Estado) em condições de crescer. Uma reforma na estrutura de carreiras do serviço público para conter o crescimento vegetativo da folha. Em nenhum momento ele (Jair Bolsonaro) colocou essa condição (de vender o Banrisul), mas em nenhum momento abriu mão — disse o governador eleito.
"Não é o momento" para reajustes de servidores, diz Leite
O governador eleito também comentou os projetos de lei que estão na Assembleia Legislativa garantindo a reposição salarial para servidores do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Contas e o poder legislativo. Referente a 2015, o reajuste de 5,58% não foi votado na terça-feira (11) porque a base do governo Sartori retirou o quórum.
Para Leite, todos devem estar preocupados com a "manutenção do equilíbrio fiscal":
— Não é desejável que se ampliem despesas com folha de pagamento, seja com qual poder for. O problema fiscal é do Estado, não é de um poder especificamente. Por isso nós precisamos contar com a compreensão do parlamento. Nós já nos posicionamos. Reportei isso publicamente aos poderes. Não é momento, dadas as condições do próprio Estado, da iniciativa privada, queda na renda média, desemprego em alta. Todos os brasileiros estão pagando o preço da crise pela qual o país passou. Não é justo que haja uma ilha blindada dessa crise. Eu respeito o direito a legítima aspiração pelo reajuste de salários, mas não é possível neste momento — declarou.