A promotoria de Justiça de Não-Me-Toque, no Norte gaúcho, instaurou na última semana um inquérito civil para apurar suposta improbidade administrativa contra o prefeito da cidade, Armando Carlos Roos (PP), suspeito de assédio sexual contra servidoras. O promotor Leandro Tatsch Bonatto irá avaliar ofensa aos princípios da administração pública. A investigação pode resultar na cassação do mandato do chefe do executivo local.
O caso veio à tona após denúncias de duas servidoras que relatavam casos de abuso sexual supostamente cometidos pelo prefeito. Elas afirmam que eram ameaçadas de rebaixamento de função ou de demissão caso não aceitassem as investidas sexuais do prefeito. Uma delas filmou uma conversa com Roos, antes de ser contratada para um cargo comissionado. No vídeo, o prefeito investe:
— (Posso) deixar a empregada sem vir uma tarde no apartamento, mas teria que ser na semana que vem, porque na outra tu (funcionária) já começa.
A mulher recusa o convite, alegando que tem faxinas a fazer, e Roos responde:
— Eu não quero namorar de graça.
O que elas falam é que ocorria uma espécie de assédio generalizado contra as mulheres
GERRI ADRIANI MENDES
Delegado de Polícia de Não-Me-Toque sobre denúncias recebidas
Após a divulgação do caso na imprensa, outras servidoras procuraram a Polícia Civil para denunciar o prefeito. Já são quatro mulheres que afirmam ter sido vítimas dele, além de um homem e duas mulheres que alegam estar sendo extorquidas para não testemunhas. O delegado Gerri Adriani Mendes afirma que toda a estrutura da delegacia local está mobilizada para investigar o prefeito.
— São várias vítimas, ocorrências, testemunhas dizendo ser coagidas. O que elas falam é que ocorria uma espécie de assédio generalizado contra as mulheres — comenta o policial.
Além do inquérito sobre improbidade, o prefeito também responde a outro, na esfera criminal, instaurado pela Promotoria dos Prefeitos do MP, em Porto Alegre, e a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta pela Câmara de Vereadores da cidade.
O que diz o prefeito
Procurado por GaúchaZH, o prefeito informou que não se manifestará sobre a abertura do inquérito. Na época da divulgação das imagens, Roos declarou em nota oficial que uma "suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulga-lo, após a sua exoneração".