A Câmara de Vereadores de Não-Me-Toque pretende abrir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar as denúncias de assédio sexual contra o prefeito do município, Armando Carlos Roos (PP). O requerimento foi apresentado na noite passada por cinco dos nove vereadores, após ofício do delegado do município, informando sobre as investigações. A CPI tem prazo de conclusão de 120 dias.
Além disso, a Polícia Civil colheu novos depoimentos e há novos relatos de assédio que teria sido cometido pelo prefeito. Conforme o delegado Gerri Adriani Mendes, além da primeira vítima, que possui um vídeo flagrando a ação do prefeito, outras três testemunhas já foram ouvidas e também relataram terem sido vítimas de assédio. As próprias servidoras pediram uma reunião com o prefeito para pedir que ele parasse de assediar as mulheres.
— Fizeram uma reunião no ano passado e colocaram que não queriam mais saber de contatos físicos. Para não dar beijo, não passar a mão. Ele parou por um tempo e depois seguiu. Mas dentro da prefeitura, sempre se soube. Só que ele está no terceiro mandato. Segundo o que se sabe, sempre aconteceu, em todos os mandatos — disse o delegado.
Os fatos investigados são os mesmos das denúncias feitas pelas servidoras, que afirmam ser ameaçadas de rebaixamento de função ou de demissão caso não aceitassem as investidas sexuais do prefeito. O Ministério Publico também estuda abrir um inquérito civil para apurar se os atos do político se configuram como improbidade administrativa.
Denúncia flagrada em vídeo
A Polícia Civil investiga duas denúncias de assédio sexual contra o prefeito de Não-Me-Toque. Uma das ações foi gravada em vídeo pela vítima. De acordo com a mulher, em troca de cargo na administração municipal, o prefeito teria pedido favores sexuais.
No vídeo, o prefeito investe:
— (Posso) deixar a empregada sem vir uma tarde no apartamento, mas teria que ser na semana que vem, porque que na outra tu (funcionária) já começa.
A mulher recusa o convite, alegando que tem faxinas a fazer, e Roos responde:
— Eu não quero namorar de graça.
Prefeito rebate acusações
Em nota divulgada na terça-feira (4), o prefeito afirma ter sido "surpreendido" pelas denúncias. Segundo ele, "a suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulgá-lo, após a sua exoneração".
"O prefeito ainda não foi citado da ação penal referente ao fato noticiado, tendo sido surpreendido através das redes sociais com a divulgação de documentos referente ao inquérito policial, sendo que está tomando as providências cabíveis quanto à responsabilização das pessoas e entidades envolvidas com a publicidade indevida dos documentos e vídeo de caráter pessoal", diz o texto.