O delegado responsável pelo caso das duas servidoras de Não-Me-Toque que denunciaram assédio sexual pelo prefeito Armando Carlos Roos (PP) concedeu, na tarde desta quinta-feira (3), entrevista coletiva para explicar como o caso está sendo conduzido pela polícia.
O caso ficou conhecido após vazamento de vídeo em que o prefeito do município propõe condicionais sexuais à contração da vítima para um cargo comissionado.
O delegado Gerri Adriani Mendes, ouve testemunhas desde que recebeu autorização do Tribunal de Justiça, um mês após receber a primeira denúncia. Como Roos tem foro privilegiado é, apenas o Ministério Público pode investigá-lo. O caso se tornou público após o vazamento de um vídeo nas redes sociais.
Segundo Mendes, as vítimas procuraram a delegacia alegando que foram ameaçadas de perda ou de rebaixamento de cargo caso não aceitassem as investidas do prefeito.
— (A primeira vítima) disse que recebeu propostas sexuais, e que se não fosse correspondidas essas propostas, ela sofreria retaliações. Como, por exemplo, a perda de uma função gratificada — declarou o delegado sobre a servidora que fez denúncia no ano passado.
A vítima decidiu denunciar como queixa, sem representação do crime. Dias depois, ela decidiu seguir adiante com o procedimento e relatou que estava sendo ameaçada. A mulher recebeu proteção no âmbito da lei Maria da Penha.
Quando a polícia começou a ouvir testemunhas, a segunda vítima se apresentou, por meio da Procuradoria da Mulher da Câmara de Vereadores de Carazinho. Ao delegado, ela apresentou documentos que comprovariam o assédio, um deles é o vídeo feito pela segunda vítima.
— Se podia perceber pelos diálogos que havia um condicionamento à contratação dela, desde que houvesse uma reciprocidade nessa proposta sexual — disse Mendes.
Ainda conforme o delegado, a vítima denunciou que um perfil falso fez ameaças a ela por meio do Facebook. Uma das mensagens recebidas por ela perguntava se a vítima "não tinha medo de sofrer a mesma coisa que aconteceu com a vereadora Marielle". Atualmente, as duas vítimas estão sob medidas protetivas.
Roos se manifestou por meio de uma nota, divulgada na tarde desta terça.
Armando Carlos Roos, Prefeito Municipal de Não-Me-Toque/RS vem a público em respeito a verdade e a opinião pública, manifestar-se sobre a acusação de assédio sexual, esclarecendo o seguinte:
O prefeito ainda não foi citado da ação penal referente ao fato noticiado, tendo sido surpreendido através das redes sociais com a divulgação de documentos referente ao inquérito policial, sendo que está tomando as providencias cabíveis quanto a responsabilização das pessoas e entidades envolvidas com a publicidade indevida dos documentos e vídeo de caráter pessoal.
No que refere ao vídeo que vem sendo compartilhado junto ao aplicativo de mensagens instantâneas, Whatsapp, importante referenciar que mostra tão somente diálogo ocorrido entre o Prefeito Armando Carlos Roos e a suposta vítima, sendo que esta seria nomeada para um cargo de confiança , junto a Secretaria Municipal de Obras. A Suposta vítima utilizou-se da confiança do prefeito para gravar o referido vídeo, e somente um ano depois vem a público divulga-lo, após a sua exoneração.
O assédio relatado pela suposta vítima será devidamente apurado durante a instrução processual, se houver o recebimento da denúncia.
Por inúmeros motivos lamento este episódio, manifestando que as minhas ações sempre foram pautadas pelo respeito e obediência as leis, as autoridades e sobretudo a Comunidade Não-Me-Toquense, a qual peço desculpas pelo fato em questão principalmente pelo mesmo ter ocorrido junto ao Gabinete, o que acabou elevando a repercussão do caso.
Armando Carlos Roos