Concebido para articular ações conjuntas em momentos de crise, o Gabinete de Gestão Integrada (GGI) da Secretaria Estadual da Segurança planeja para o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Porto Alegre, no dia 24 de janeiro, uma operação semelhante à montada para o depoimento do petista ao juiz Sergio Moro, em Curitiba.
Na ocasião, em maio do ano passado, mais de 3 mil homens foram arregimentados – 1,7 mil deles policiais militares – e toda a região no entorno da Justiça Federal foi isolada (veja abaixo).
Na primeira reunião do GGI, na quarta-feira (4), ficou definido que, na próxima semana, cada instituição irá apresentar um plano prévio sobre a própria atuação. Deverão ser usados cães, tropas a cavalo, helicópteros e até mesmo atiradores de elite no topo dos prédios ao redor do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), local do julgamento.
Ainda não há expectativa do número de simpatizantes de Lula que estarão em Porto Alegre. O MST confirmou a presença de 2 mil agricultores, e a CUT planeja trazer 200 ônibus à Capital.
Há pelo menos 15 dias já estão em curso ações de vigilância e monitoramento pelos serviços de inteligência. O objetivo é evitar surpresas e antecipar possíveis manifestações violentas.
— Meu papel é tranquilizar todo mundo e reduzir a possibilidade de conflitos. As manifestações são legítimas, mas queremos que tudo ocorra dentro da lei — resume o secretário estadual da Segurança, Cezar Schirmer.
Gabinete de Gestão Integrada (GGI)
Os órgãos de segurança que participam do grupo:
Do Estado
- Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Susepe, Instituto-Geral de Perícias, Departamentos de Inteligência, de Planejamento e de Comando e Controle da Secretaria da Segurança.
Do Município
- Secretaria da Segurança, Procuradoria-Geral, Guarda Municipal e EPTC.
Da União
- Forças Armadas, Agência Brasileira de Inteligência, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança.
Como Curitiba se organizou
- Em maio do ano passado, cerca de 50 mil pessoas eram esperadas para acompanhar o depoimento de Lula em Curitiba. A Secretaria da Segurança empregou cerca de 3 mil homens no esquema.
- Foram proibidos acampamentos em ruas e praças de Curitiba.
- As reuniões preparatórias contaram com representantes das Polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, além do Exército. Agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também foram mobilizados para auxiliar.
- O prédio da Justiça Federal foi isolado e guarnecido por 15 membros da própria corporação, além de policiais federais requisitados especialmente para a operação.
O julgamento de Lula
O julgamento da apelação do ex-presidente no processo no qual foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro ocorrerá no dia 24 de janeiro, no TRF4, em Porto Alegre. A sessão ocorrerá 196 dias após a sentença de primeira instância, proferida em 12 de julho pelo juiz Sergio Moro – que condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão.