A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) anunciou nesta quinta-feira (19) a criação de comissões nas coordenadorias de educação para realizar a transferência de estudantes de escolas que estão em greve para outras instituições de ensino com atividades normais. A orientação foi repassada pelo secretário Ronald Krummenauer aos 30 coordenadores regionais, em reunião realizada em Porto Alegre.
De acordo com o secretário, a medida vai atender, principalmente, alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio, considerados os mais prejudicados com a greve. Cada coordenadoria vai criar, a partir desta sexta-feira, uma comissão responsável pelos remanejos. Até a próxima terça-feira, será feito o mapeamento das escolas que podem receber os estudantes. A partir daí, os órgãos regionais irão divulgar para pais e estudantes as possibilidades de transferência, que serão feitas caso haja interesse das famílias.
— Os pais podem pedir a transferência a qualquer momento nas próprias escolas. O que estamos fazendo agora é estimular esse movimento. Se tem três escolas de Novo Hamburgo paralisadas, por exemplo, mas outras escolas abertas e com espaço para receber esses alunos, vamos fazer esse remanejo — afirma Krummenauer.
Com a nova medida, os atendimentos para transferência serão feitos diretamente nas coordenadorias, e não apenas nas escolas. O secretário negou que seja uma forma de prejudicar as instituições que estão em greve:
— Neste momento, estou preocupado em oferecer alternativas aos estudantes. Essa é uma medida emergencial em favor do aluno.
O mapeamento para as transferências já teve início em cinco coordenadorias consideradas prioritárias em razão da maior adesão de professores à greve: Palmeira das Missões (20ª coordenadoria), Pelotas (5ª), Porto Alegre (1ª), Santa Maria (8ª) e São Leopoldo (2ª).
A presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, contestou a preocupação do governo com os estudantes. Segundo ela, a medida vai prejudicar os alunos, já que eles irão para turmas que estão mais adiantadas no conteúdo e terão dificuldades de acompanhar:
— Como vai ser feita a recuperação desses conteúdos para os alunos que forem transferidos? Os professores das escolas que estão em aula não vão fazer isso. É um desrespeito desse governo com a educação, uma solução para si e não para os alunos.
Os professores da rede estadual decidiram entrar em greve em assembleia do Cpers-Sindicato realizada no dia 5 de setembro. A principal reivindicação da categoria é fim do parcelamento dos salários. O secretário da Educação afirma que o governo não tem como garantir o pagamento em dia.
Impasses
Esse é mais um episódio de conflito entre o governo do Estado e o Cpers-Sindicato desde o começo da greve. No início de outubro, o Piratini anunciou que iria demitir professores temporários que aderiram à paralisação, mas desistiu da medida após liminar da Justiça proibir os desligamentos. Antes disso, outra decisão judicial havia proibido o corte do ponto dos grevistas.
Na semana passada, a Secretaria da Educação anunciou um calendário para recuperação das aulas, mesmo com a paralisação ainda em curso, o que também desagradou a categoria.