Seria injusto culpar Tarso Genro pela péssima situação das estradas gaúchas, um problema que nenhum governador conseguiu resolver, mas ele terá de correr contra o tempo se não quiser carregar esse fardo na campanha de 2014. O Rio Grande do Sul tem uma tradição de estradas ruins, fruto do descaso com a manutenção. Tarso conseguiu o mais difícil, o financiamento para a recuperação de parte delas, mas a demora do Daer em fazer as licitações coloca em risco o cronograma traçado. De diferentes pontos do Estado, leitores de Zero Hora e ouvintes da Rádio Gaúcha encaminham fotos de estradas esburacadas que colocam em risco a vida de quem precisa utilizá-las.
A falta de manutenção faz com que os buracos evoluam para crateras e as rodovias, que no início poderiam ser recuperadas com um simples conserto, tenham de ser reconstruídas, consumindo mais dinheiro e condenando parte da malha ao esfacelamento. Se Tarso não conseguir dar celeridade ao programa de recuperação das estradas, os ganhos políticos do asfaltamento de acessos municipais podem ser anulados pela deterioração de rodovias já consolidadas. Fala-se muito dos municípios que não têm acesso asfáltico e pouco dos que conquistaram o asfalto no passado e, hoje, têm estradas piores.
Em outra frente, o governador terá de usar sua proximidade com o Palácio do Planalto para pressionar o Dnit a apressar a contratação das empresas que farão a manutenção das rodovias federais que deixaram de ter pedágio e já começam a apresentar problemas. O fim das praças nas rodovias federais e a redução do preço nas estaduais serão trunfos de Tarso na eleição, desde que as estradas estejam em boas condições. Dizer que o surgimento dos buracos é culpa das concessionárias, que não conservavam adequadamente os trechos, não resolve o problema de quem viaja e espera encontrar pistas sem falhas e bem sinalizadas.
A falta de ambulâncias e de socorro mecânico nas localidades que deixaram de ter pedágio já se reflete negativamente na vida dos usuários. Se a isso se acrescentar uma piora na condição da pista, o bônus do fim dos contratos pela via judicial acabará se transformando em ônus para o governador.