A 2ª Delegacia de Polícia Civil de Uruguaiana prendeu, na quinta-feira (26), um advogado pela prática de golpes no exercício da atividade profissional. Ele e a esposa, que também é advogada, são investigados por crimes de estelionato, apropriação indébita qualificada e falsificação de documento particular.
Os dois são sócios. O homem foi suspenso cautelarmente pela OAB/RS e, portanto, está impedido de exercer a advocacia, segundo a ordem. A mulher teve o exercício da atividade profissional suspenso por decisão judicial.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência e no escritório dos suspeitos. Os documentos apreendidos serão usados para aprofundar as investigação.
Até o momento, há registro de pelo menos 16 supostas vítimas dos crimes investigados, com um prejuízo estimado em mais de R$ 250 mil.
Como funcionava o esquema
Segundo o delegado Wellington Pinheiro, que coordenou a investigação, o casal oferecia aos clientes a realização da revisão judicial de valores de contratos de financiamento de veículos, que segundo eles, seriam firmados com juros abusivos. Os advogados então prometeriam que entrariam com ações para realizar acordos com as empresas cobradoras ou até pedir indenizações.
A investigação descobriu que o casal entrava com ações apenas algumas vezes e, quando entravam, não davam andamento ao processo. Enquanto isso, os clientes pagariam as parcelas da dívida que tinham com as empresas diretamente para os advogados, que diziam que repassariam o dinheiro. Segundo a polícia, os valores não chegariam aos cobradores.
— O casal dizia para o cliente que a dívida havia sido quitada, mas não era verdade. Depois de um tempo as empresas entravam com ação para reaver o bem, que não foi pago. Os clientes eram pegos de surpresa — conta o delegado Wellington, que afirma ainda que, por vezes, quando ganhavam as ações ou indenizações, o casal escondia o resultado dos clientes, a fim de aumentar o lucro no esquema.
— Teve uma vítima que ganhou uma indenização de R$ 108 mil, mas não recebeu nada pois eles disseram que perderam o processo e embolsaram todo o valor — diz o delegado.
Para enganar as vítimas, a polícia diz os suspeitos falsificaram documentos.
De acordo com o delegado, existem denúncias contra o advogado desde 2010, e que apenas neste ano pelo menos sete inquéritos que investigam o casal foram abertos.
Um representante da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Uruguaiana, esteve presente durante o cumprimento dos mandados e continuará acompanhando a análise dos documentos durante a investigação.
As investigações prosseguem com a finalidade de encontrar outras vítimas, que a polícia acredita existir, ou até outros comparsas.
* Produção: Camila Mendes