A confusão entre os candidatos à prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) seguiu mesmo depois que o debate promovido pela TV Cultura na noite de domingo (15) foi para o intervalo. O evento foi interrompido quando Datena agrediu Marçal com uma cadeira.
Nesta segunda-feira, o mediador do debate, Leão Serva, falou sobre o que aconteceu sem registro pelas câmeras.
— Os dois foram separados e ficaram em lugares diferentes do palco, ainda trocando uns insultos. O Marçal provocando o Datena, que o xingava e explicava o porquê da sua ira. Ele citou a sogra dele e atribuiu a emoção ao desgosto diante daquele episódio que o Marçal estava utilizando ali pra tirá-lo do sério. Teve esse bate-boca ali e, depois de alguns minutos, o Datena se retirou com a sua assessoria e o Marçal, mais uns minutos depois, foi embora — disse o jornalista, em entrevista ao Gaúcha+.
Leão Serva também confirmou que, inicialmente, Marçal indicou que pretendia continuar no debate. Em seguida, porém, mudou de ideia.
— Ele passou por mim e falou: "Olha, eu realmente não estou bem e estou indo embora". E aí, nessa hora, ele segurava a costela, como sinal de dor — contou o mediador.
Marçal foi hospitalizado no domingo e teve alta nesta segunda-feira (16). De acordo com o Hospital Sírio-Libanês divulgou, o candidato teve traumatismo na região direita do tórax e no punho direito, sem maiores complicações associadas.
Regras mais duras
O jornalista paulistano disse ainda que se surpreendeu com a agressão e destacou que a emissora havia, em acordo com os próprios candidatos, estabelecido regras mais duras para o debate, prevendo inclusive a expulsão de participantes por desrespeito.
— Foi bastante inusitado, inesperado. A gente tinha, com a participação ativa de todas as campanhas, estabelecido regras mais rígidas, porque os debates anteriores tinham meio que saído do esquadro. Então, realmente, nós não esperávamos que aquilo pudesse fugir do controle de tal forma como aconteceu — revelou Leão Serva.
O apresentador da TV Cultura avalia o caminho que a campanha no Estado tem tomado neste ano:
— Eu tenho 64 anos, sou jornalista há 44, então eu cobri eleições ou acompanhei como eleitor ou como jornalista todo esse período. Esse ano em São Paulo, os eventos políticos estão sendo marcados por, aparentemente, uma tentativa de destruição dos espaços de debate políticos.
E acrescentou:
— Há a tese de que as democracias tendem a morrer por dentro. Autocratas que se elegem e, por dentro do governo, procuram destruir o Estado democrático. É um pouco como se antes, no período eleitoral, por dentro dos eventos eleitorais, alguém procurasse destruir os espaços democráticos que os eventos eleitorais têm.