Apesar da determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar as rodovias, os bloqueios seguem nesta terça-feira (1º). As ações fazem parte de manifestações organizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro e acontecem em diversas cidades e Estados do país. Os atos se iniciaram logo após a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou, em entrevista coletiva no fim da manhã desta terça-feira, que foram liberados 306 pontos em todo o país.
Na noite de segunda-feira (31), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, deu a ordem para que os policiais acabassem com os bloqueios e autorizou a prisão do diretor da PRF em caso de desobediência.
A PRF anunciou que deu início às operações para liberação das estradas durante a madrugada. Apesar disso, há manifestantes que alegam que continuarão com os bloqueios para "impedir o comunismo de chegar ao poder".
Organização dos protestos
Os caminhoneiros teriam organizado os protestos em grupos de WhatsApp. Eles alegam ter apoio de empresários do agronegócio e também do comércio. Vídeos divulgados pela imprensa nacional mostram carretas paradas nas estradas, pneus queimados e terra nas rodovias para interditar as vias. Além disso, uma parte dos manifestantes pede "intervenção militar".
"Desde ontem (31), quando surgiram as primeiras interdições, a PRF adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo, direcionando equipes para os locais e iniciando o processo de negociação para liberação das rodovias priorizando o diálogo, para garantir, além do trânsito livre e seguro, o direito de manifestação dos cidadãos, como aconteceu em outros protestos", disse a PRF em nota.
Em São Paulo, um grupo de manifestantes fechou a Marginal Tietê na segunda-feira (30), no sentido Ayrton Senna. Segundo a Companhia de Engenharia de Trafego (CET), a ação teve início por volta das 15h30min.
Os manifestantes estenderam uma faixa contra o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e chegaram a bloquear todo o trânsito. A Polícia Militar acompanhava o protesto. Em São Paulo, havia registros de protestos em três pontos de duas rodovias federais, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Na BR-116, nos trechos próximos a Pindamonhangaba e Embu das Artes, o tráfego foi bloqueado nos dois sentidos, com registros de pneus incendiados. Já no trecho próximo ao município de Jacareí cerca de 30 manifestantes interromperam a pista no sentido norte. A PRF negocia a liberação de uma das faixas. Na BR-153, na região de São José do Rio Preto, 30 manifestantes se concentram à margem da rodovia.
Santa Catarina é um dos Estados que registram o maior número de ocorrências. Moradores de municípios como Joinville, Chapecó e Florianópolis relataram que tiveram passagens de ônibus canceladas, e não conseguiram se locomover entre cidades até para estudar. No Paraná, uma das principais vias de acesso ao porto de Paranaguá, a BR-277, foi totalmente bloqueada em ao menos sete pontos. Nota enviada pela Portos do Paraná indicou que a atividade portuária ainda não havia sido afetada.
A vitória de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro no segundo turno foi declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pouco antes das 20h de domingo (30). Até o meio-dia de terça-feira, Bolsonaro não havia se pronunciado ou reconhecido a vitória de seu adversário, o que rompe com a tradição das eleições anteriores.