Após atacar policiais federais com tiros de fuzil e granadas e resistir à prisão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) passou por uma audiência de custódia no começo da tarde desta segunda-feira (24). Cumprida a etapa da oitiva, o ex-parlamentar foi transferido para o presídio Pedrolino Werling (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, onde esteve preso no ano passado.
Esta unidade prisional é conhecida por ser destino de políticos investigados ou condenados.
Jefferson chegou no começo da noite a Bangu 8, noticiou o G1.
Após ferir dois policiais federais que cumpriam mandado de prisão na sua residência em Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro, no domingo (23), o ex-deputado federal foi indiciado pela PF por quatro tentativas de homicídio. O indiciamento, confirmado pela assessoria de imprensa da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, é referente aos dois agentes feridos com estilhaços durante a resistência de Jefferson à prisão e outros dois que estavam numa viatura, mas não chegaram a ser atingidos.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, segundo apurou o Estadão, o ex-deputado afirmou que deu cerca de 50 tiros de fuzil em uma viatura da PF e jogou três granadas contra a equipe que foi até sua casa em diligência na manhã de domingo (23). O ex-presidente do PTB alegou que os dispositivos eram de efeito moral. Além disso, sustentou que "não atirou para machucar". "Se quisesse, matava os policiais, pois estava em posição superior e com fuzil de mira”, disse.
Jefferson teve mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, o magistrado elencou seis situações ocorridas nos últimos três meses que embasaram o novo pedido de prisão do ex-deputado, que teria afrontado as condições de cumprimento da prisão domiciliar.
Entre elas, passar orientações a dirigentes do PTB, usar as redes sociais, receber visitas, conceder entrevista e compartilhar fake news que atingem a honra e a segurança do STF e seus ministros, como ao ofender a ministra Cármem Lúcia, chamando-a de bruxa e prostituta.
Na chegada dos agentes da PF, por volta das 11h de domingo, Jefferson jogou duas granadas e deu tiros de fuzil na equipe de policiais federais, que precisaram de reforço para concluir a operação. Após oito horas, o ex-deputado se rendeu por volta das 19h com a intervenção do ministro da Justiça, Anderson Torres.
No sistema do Exército, responsável pela fiscalização de armas de grosso calibre, como fuzis, a licença do ex-deputado estava suspensa. Sendo assim, ele não poderia ter ou transportar armas fora de Brasília. Com isso, o Exército abriu processo administrativo para apurar o caso e a Polícia Federal instaurou inquérito na esfera criminal.
Com a resistência à prisão e o ataque aos policiais, uma nova decisão judicial determinou a sua prisão em flagrante. Esta, podendo ser conduzida a qualquer momento, ao contrário de quando não é em flagrante, que só pode ser feita durante o dia.