O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta sexta-feira (14) que uma solução para o combate à fome no País é criar estoques reguladores de alimentos para liberação em períodos de aperto na oferta. Em Pernambuco, completando o giro pelo Nordeste nesta semana, o petista busca ampliar sua vantagem na região e levar as eleições no segundo turno.
Nos últimos dias, Lula passou por Salvador na quarta-feira (12), Aracaju e Maceió na quinta e encerra a passagem pela região nesta sexta-feira (14) no Recife, onde a aliada Marília Arraes (Solidariedade) concorre ao governo do Estado no segundo turno das eleições. Atento à ofensiva, Bolsonaro tenta reagir e também organiza comícios no Nordeste.
Ao lado de Marília, Lula ironizou o ato esvaziado do adversário em Recife.
— Sei que ele veio aqui ontem. Seria até bom alguém ligar para ele ver na televisão a nossa passeata. Ele vai ver que é bem maior que o vergonhoso ato que ele fez ontem aqui. Se ele tivesse que viver de venda de camisa no ato de ontem aqui, iria morrer de fome, de tão pouca gente que tinha — afirmou o candidato a presidente.
Fome
Ao lado da aliada, o ex-presidente destacou que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fez políticas semelhantes nos oito anos de seu governo. Para Lula, a fome no país não é falta de dinheiro, mas "falta de vergonha" de quem governa o Brasil.
— Você pode facilitar o aumento da produção agrícola, sobretudo com pequeno e médio produtor rural. Você pode fazer estoque e, fazendo estoque, controlar o preço. Vai colocar mais produto no mercado quando o preço estiver alto. Fizemos isso, a Conab era uma coisa importante no meu governo. Na Conab a gente guardava uma espécie de estoque regulador — afirmou o candidato ao Palácio do Planalto.
Na coletiva, Lula ainda prometeu, se eleito, fortalecer cooperativas agrícolas.
— Vamos criar crédito e ao mesmo tempo uma espécie de seguro, fundo, para que se a pessoa quebrar você possa com aquele fundo cobrir as necessidades da pessoa — seguiu o petista, que busca fortalecer as pontes com o agronegócio, bastante ligado ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Disputa em Pernambuco
Lula agradeceu publicamente o apoio do PSB à candidatura ao governo de Pernambuco de Marília Arraes (Solidariedade) e tentou colocar panos quentes nas brigas entre a aliada e o prefeito de Recife, João Campos.
Os primos romperam definitivamente ao se enfrentarem na disputa pela prefeitura da capital pernambucana em 2020, quando João saiu vitorioso em uma eleição marcada por forte acirramento político e trocas de fake news. Lula é um dos fiadores da reaproximação entre João e Marília neste segundo turno, após o PSB, com apoio do PT, ficar em quarto lugar na disputa pelo governo do Estado com Danilo Cabral na cabeça de chapa.
— O PSB tomou a decisão correta. Pode ter tido briga, mas a relação deles é sanguínea — afirmou Lula na coletiva de imprensa em Recife, antes de participar de ato público com Marília e João Campos pelas ruas da cidade.
— Queria agradecer de coração a decisão de vocês de apoiar a companheira Marília no segundo turno — seguiu o petista, que voltou a destacar a união com o ex-adversário político Geraldo Alckmin (PSB) para justificar o que chama de "união de divergentes para vencer os antagônicos".
Durante os atos de campanha na capital pernambucana, Lula mostrou confiança em sua vitória e afirmou que Bolsonaro precisará cumprir os ritos de transição de governo no ano que vem.
— Vai ter que ter humildade e, no dia 1º de janeiro, colocar a faixa no meu pescoço — disse o petista em coletiva de imprensa no Recife.
Lula voltou a dizer que Bolsonaro faz uso ostensivo da máquina pública pela reeleição, de forma nunca antes vista. Mas reiterou que, na sua avaliação, o movimento será em vão.
— Ele pode gastar o que quiser, está dado, o destino do Bolsonaro está traçado — declarou o ex-presidente.
Lula também aproveitou o pronunciamento para destacar entregas do PT a Pernambuco ao longo de seus governos e estendeu críticas a Bolsonaro pela gestão da pandemia.
— Se ele tivesse deixado de ser ignorante e conversado com pessoal da área da saúde, dos laboratórios, secretários de Estado em vez de brigar com governadores, muita gente hoje teria seu filho em casa, seu pai, mãe — destacou.
— Ele é cidadão que não sabe respeitar o mínimo de sensibilidade do ser humano, vive da mentira — finalizou.