Em painel organizado pelo Sindicato das Empresas de Informática do Rio Grande do Sul (Seprorgs), realizado nesta quinta-feira (25) no Instituto Caldeira, em Porto Alegre, cinco dos 11 candidatos ao governo do Estado falaram sobre suas propostas para as áreas de inovação e economia digital para os próximos quatro anos no RS.
O evento contou com a presença de Eduardo Leite (PSDB), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT). Edegar Pretto (PT) e Luis Carlos Heinze (PP) foram convidados, mas, por motivos particulares, não compareceram ao encontro, que durou cerca de duas horas. A entidade definiu como critério convidar os candidatos com os melhores percentuais nas últimas pesquisas de intenções de voto.
Antes mesmo do início das considerações e das perguntas de dirigentes, empresários e demais lideranças do setor, o presidente do Seprorgs, Rafael Krug, direcionou para onde gostaria que os candidatos levassem as conversas, salientando a importância da tecnologia para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul:
— Nosso setor de tecnologia gera riqueza, tem empregabilidade, existe uma demanda muito grande por novos profissionais.
O painel seguiu o seguinte formato: cada candidato teve quatro minutos (mais 10 segundos de tolerância) para fazer suas considerações iniciais. Depois, tiveram o mesmo tempo para responder a duas perguntas feitas por diferentes lideranças presentes ao evento. Por último, o mesmo intervalo para as considerações finais.
Eduardo Leite (PSDB)
O ex-governador Eduardo Leite, que concorre à reeleição, salientou que nos últimos quatro anos promoveu inúmeras reformas para recuperar o potencial de investimento do Estado, resolvendo um problema fiscal crônico. Além disso, disse que o governo criou o maior volume de recursos em editais de inovação, com programas de incentivo ao empreendedorismo sendo criados durante o seu período à frente do Piratini.
Questionado por Edgar Serrano, presidente da Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo), sobre qual seria a solução para a falta de mão de obra na área de TI e como irá fomentar as práticas inovadoras na educação na rede estadual, principalmente nas escolas de Ensino Fundamental, Leite respondeu tem de "trabalhar a partir da educação básica, incentivando o raciocínio lógico, para aproveitar ali na frente na formação tecnológica".
Agora temos capacidade fiscal, podemos participar mais, já estamos fazendo programas a juro zero
EDUARDO LEITE
Candidato à reeleição pelo PSDB
— É importante trabalharmos com as universidades para a formação de professores. A formação de mão de obra através da rede estadual e dos municípios promove a educação que leva esses jovens para a economia digital, gerando a mão de obra que o setor está precisando — acrescentou o ex-governador.
Leite também respondeu a uma pergunta do diretor regional de Caxias do Sul do Seprorgs, Esdras Moreira, sobre suas propostas para promover o empreendedorismo e o desenvolvimento de startups de base tecnológica.
— O que já está sendo implementado no Estado é justamente fazer as conexões entre as startups e as grandes empresas. Temos uma plataforma para poder fazer a conexão para formar os negócios. Um dos pontos é dar suporte financeiro, melhorar o acesso a capital de risco. Agora temos capacidade fiscal, podemos participar mais, já estamos fazendo programas a juro zero — disse.
Onyx Lorenzoni (PL)
Como tradicionalmente vem fazendo em debates e painéis, o candidato do PL, Onyx Lorenzoni, fez críticas ao que chamou de "tucanolulopetismo" e ao ex-governador Eduardo Leite, mas também disse representar o governo Jair Bolsonaro em nível estadual. Exaltou a digitalização feita pelo atual presidente e citou que o Brasil se tornou o sétimo país mais digitalizado no mundo, em levantamento feito pelo Banco Mundial em 2021.
Questionado por Fernando Nachtigall, vice-presidente de Articulação Política da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação da Regional do Rio Grande do Sul (Assespro-RS), sobre as propostas para as soluções digitais para o desenvolvimento dos ecossistemas de inovação, Onyx respondeu:
Caso eu tenha a honra de ser governador, o Rio Grande do Sul vai passar pelo mesmo processo que o governo federal passou, uma digitalização absoluta
ONYX LORENZONI
Candidato pelo PL
— Atualmente, o Brasil tem 1,5 mil serviços digitalizados. Nossa lógica foi pró-empreendedor. Precisamos ter ousadia de inovar. Enquanto houve países que mandaram cheques para as casas durante a pandemia, usamos um aplicativo para mostrar quem podia receber o auxílio emergencial.
O candidato também respondeu a questionamento de Rafael Sebben, diretor legislativo do Seprorgs, sobre as propostas para criar um programa de atração de talentos para o avanço científico e o aproveitamento dos recursos humanos no Rio Grande do Sul.
— Um governo precisa ter o entendimento de que esse (economia digital) é um espaço importante para o presente e o futuro. O governo tem que ser capaz de tirar as pedras do caminho. O Banrisul precisa entrar no mundo digital. Caso eu tenha a honra de ser governador, o Rio Grande do Sul vai passar pelo mesmo processo que o governo federal passou, uma digitalização absoluta — prometeu.
Ricardo Jobim (Novo)
Em um tom nostálgico, o candidato do Novo, Ricardo Jobim, lembrou da sua infância, quando teve seu primeiro contato com programação. Em aceno às lideranças que estavam no estúdio do Instituto Caldeira, disse ter visão clara do que é a tecnologia e de entender o processo que o Estado precisa passar para voltar a ter mão de obra qualificada para o setor.
Primeiramente, Jobim foi questionado por Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira, sobre quais ações concretas o candidato planeja executar para melhor preparar os jovens para as oportunidades e desafios dos próximos anos.
Somos uma bomba relógio prestes a explodir. Incentivando a educação, vamos resolver alguns problemas. Precisamos de dinheiro e investimento
RICARDO JOBIM
Candidato pelo Novo
— Somos uma bomba relógio prestes a explodir. Incentivando a educação, vamos resolver alguns problemas. Precisamos de dinheiro e investimento. Pretendemos privatizar o Banrisul e vamos priorizar investimentos na educação. O Ensino Fundamental é a base de tudo. Precisamos ter um plano concreto e claro para dizer de onde vai sair o financiamento — declarou.
Depois, o candidato do Partido Novo respondeu ao questionamento do diretor regional do Seprorgs em Pelotas, Sérgio Santi, sobre a proposta para solucionar a interlocução entre as diferentes pastas e a articulação entre as secretarias de Estado e municipais:
— A Procergs não está tendo a velocidade necessária. Precisamos liderar um processo de modernização da máquina pública. A gestão precisa ser uma coisa integrada. O Estado precisa perder o ranço com o sistema privado. Precisamos dizer quais são as dificuldades e abri-las para o sistema privado. Pedir soluções. De burocracia, já estamos cheios.
Vicente Bogo (PSB)
O candidato Vicente Bogo relembrou seu período como deputado constituinte e como vice-governador de Antonio Britto (1995-1999). Além disso, Bogo ressaltou que o Rio Grande do Sul já foi um Estado referência nacional em educação, salientando que necessita preparar melhor os jovens para o mercado de trabalho.
A primeira pergunta respondida pelo postulante ao Piratini foi feita por Régis Haubert, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), sobre as propostas para o incentivo à criação de parques tecnológicos nos municípios.
Diversificar a economia é importante. O público tem que articular com o privado. Do ponto de vista empresarial, Santa Catarina está ultrapassando a gente
VICENTE BOGO
Candidato pelo PSB
— O primeiro passo será fazer um planejamento a longo e médio prazo do nosso Estado e analisar o respectivo potencial de cada área. A questão dos polos é fundamental. Diversificar a economia é importante. O público tem que articular com o privado. Do ponto de vista empresarial, Santa Catarina está ultrapassando a gente — ressaltou.
Depois, o candidato do PSB respondeu a uma pergunta de José Antônio Antonioni, diretor presidente da Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software (Softsul), a respeito do que pode ser feito para ampliar a utilização da tecnologia de informação para incrementar a qualidade e eficiência na prestação de serviços públicos.
— A informatização dentro da estrutura do Estado é fundamental para que, online, o cidadão possa saber tudo ao seu respeito, todas as informações, todos os documentos. O Estado tem que investir progressivamente para isso. Um tema delicado é o da saúde, há um represamento de consultas. Se tiver a telemedicina, quem sabe o cidadão não precise sair de casa para a primeira consulta — avaliou.
Vieira da Cunha (PDT)
Em suas considerações iniciais, Vieira da Cunha exaltou os números mostrados por reportagem recente de GZH que mostram que existem 5 mil vagas abertas no setor de TI no Estado.
A primeira pergunta respondida pelo candidato do PDT foi realizada por Arcione Piva, presidente do Sindilojas Porto Alegre, que questionou Vieira sobre a proposta para viabilizar o crescimento das pequenas empresas.
Quando Brizola governou, construiu milhares de escolas e, por causa daquela semente que ele plantou, oportunizou milhares de pessoas a terem estudo. Lamento que muitos governos vejam o investimento em educação como gasto
VIEIRA DA CUNHA
Candidato pelo PDT
— Vamos encontrar caminhos para que a carga tributária não seja excessiva e que o setor possa gerar emprego e renda. A educação, para mim, tem que ser a prioridade das prioridades. Quando Brizola governou, construiu milhares de escolas e, por causa daquela semente que ele plantou, oportunizou milhares de pessoas a terem estudo. Lamento que muitos governos vejam o investimento em educação como gasto — afirmou.
No segundo bloco, Vieira da Cunha foi questionado por Nilson Ayala, presidente da Associação dos Usuários de Informática e Telecomunicações do RS (Sucesu-RS), sobre as propostas para apoiar coworkings e o desenvolvimento de smart cities:
— No nosso cotidiano, podemos implementar aplicativos para saber que horas o ônibus vai chegar. Se tiver uma cidade inteligente, vou para a parada a hora que o veículo vai passar, diminuindo o risco de ser assaltado. A economia digital vem para facilitar a vida das pessoas, principalmente no Interior. Precisa ter vontade política para utilizar os mecanismos do marco legal das startups. Com inovação e tecnologia, fazemos economia e melhoramos a vida das pessoas.