Durante duas horas, sete dos 11 candidatos a vice-governador debateram os projetos para o futuro do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (24), em evento promovido pela Federasul. Apesar da divergência de ideias, o encontrou transcorreu em ambiente de ampla cordialidade, com os concorrentes inclusive aplaudindo cada manifestação dos rivais.
Participaram do debate Claudia Jardim (PL, vice de Onyx Lorenzoni), Gabriel de Souza (MDB, vice de Eduardo Leite), Josi Paz (PSB, vice de Vicente Bogo), Pedro Ruas (PSOL, vice de Edegar Pretto), Professora Regina (PDT, vice de Vieira da Cunha), Rafael Dresch (Novo, vice de Ricardo Jobim) e Tanise Sabino (PTB, vice de Luis Carlos Heinze). A entidade definiu como critério convidar somente os candidatos com bancada na Assembleia Legislativa, o que excluiu os vices de Roberto Argenta (PSC), Rejane de Oliveira (PSTU), Carlos Messalla (PCB) e Paulo Pedra (PCO).
Na abertura do evento, o vice-presidente da Federasul, Rodrigo de Souza Costa, celebrou a oportunidade de reunir representantes das principais chapas ao governo do Estado para a discussão de propostas para setores importantes, como educação, infraestrutura e desenvolvimento econômico.
— Esse momento é muito importante para nós, não só pela relevância do trabalho dos vices. A política tem uma enorme capacidade de transformação da realidade. Muitas vezes, é da divergência que nascem as melhores soluções e esse é o objetivo de estarmos todos aqui reunidos — salientou Costa.
Apenas dois candidatos a governadores compareceram para prestigiar seus vices: Leite e Jobim. Diante de 160 pessoas que ocupavam o salão nobre do Palácio do Comércio — uma plateia formada majoritariamente por políticos, parlamentares e assessores — cada um dos debatedores teve ao menos três momentos para se apresentar e sugerir soluções aos problemas do Estado. No primeiro bloco, os candidato fizeram uma manifestação inicial. O segundo bloco foi dedicado a questionamentos entre si, seguido de um espaço para as considerações finais.
Primeiro a discursar, o candidato a vice do Novo, Rafael Dresch, criticou o desempenho da educação pública e sintetizou as bandeiras do partido, como simplificação tributária, redução do tamanho do Estado e estímulo ao empreendedorismo.
— O Rio Grande do Sul é uma bomba-relógio. Baixos índices de escolaridade, altos índices de migração. Nosso Estado está na 22ª posição como lugar para fazer negócios, na 22ª posição. Temos um Estado demasiadamente grande, precisamos reduzi-lo e torná-lo mais eficiente — afirmou Dresch.
Vice-prefeita de Guaíba, Cláudia Jardim repetiu as propostas do colega de chapa, Onyx Lorenzoni, lembrando o alinhamento da campanha à candidatura nacional do presidente Jair Bolsonaro e a preocupação em conciliar o fortalecimento da iniciativa privada com políticas de assistência social à população de baixa renda.
— A nossa gestão se propõe a seguir as transformações que o Brasil vem passando no governo Jair Bolsonaro e trazer isso para dentro do Estado. Uma transformação que tire pedras do caminho para que as pessoas possam empreender, gerar emprego e renda. Assim, o governo tem condição de cuidar dos vulneráveis — apregoou Cláudia.
Deputado estadual, Gabriel Souza destacou a posição inédita do MDB de não lançar candidato ao governo para, em parceria com o PSDB, dar continuidade à agenda de reformas deflagrada no governo Jose Ivo Sartori e continuada na gestão Eduardo Leite. Para Gabriel, somente com equilíbrio fiscal o Estado pode cumprir compromissos e investir no bem-estar dos gaúchos.
— Somos representantes de um projeto que tem colocado as finanças nos eixos. Não existe como melhorar a vida das pessoas, melhorar educação, saúde, segurança e infraestrutura, se não tivermos condições financeiras para fazermos os investimentos que o Rio Grande precisa — argumentou Gabriel.
Vereadora em Passo Fundo, Professora Regina concentrou suas manifestações na defesa da educação. Ao priorizar uma bandeira histórica do PDT, a candidata se comprometeu em investir 35% das receitas do Estado na educação e colocar 200 mil alunos em escolas de tempo integral.
— Se queremos diminuir a criminalidade, se queremos desenvolvimento no nosso Estado, a educação precisa ser pautada com respeito e responsabilidade, para além dos discursos eleitoreiros. Na nossa gestão, teremos secretários técnicos, mas sobretudo que conheçam a realidade do Estado — assegurou Regina.
Com discurso semelhante, Josi Paz também ressaltou a importância da educação. Ex-vereadora e conselheira tutelar em Montenegro, a candidata do PSB propôs incremento na formação técnica dos estudantes como instrumento para qualificação da mão de obra juvenil.
— Podemos formar uma grande força-tarefa com todos os entes de cada região e levar um laboratório de informática, um laboratório de mecatrônica e preparar o jovem para o mercado de trabalho. O jovem vai poder empreender, desenvolver toda sua criatividade — afirmou Josi.
Vereadora na Capital, Tanise Sabino destacou a necessidade de um melhor aparelhamento da segurança pública. De acordo com a candidata, investimentos maciços nas forças policiais se irradiam por outras áreas, como reflexos em melhores serviços de saúde e educação.
— Vamos ampliar o efetivo da Brigada Militar, retirando os brigadianos que estão atuando nos presídios. Eles voltarão às funções de origem, fazendo policiamento e dando mais agilidade aos atendimentos de emergência. Quem nunca ligou para a Brigada e ficou nervoso com a demora para chegar o socorro? — indagou Tanise.
Vice de Pretto, Pedro Ruas defendeu uma revisão das isenções fiscais, com direcionamento dos recursos para políticas de desenvolvimento econômico e social. Ruas critica a falta de transparência na gestão dos incentivos fiscais e o que considera baixo retorno para a sociedade, sobretudo diante do aumento da fome e da pobreza.
— Não é possível que o Estado tenha hoje 1,2 milhão de pessoas passando fome. Por outro lado, também não é possível que tenhamos R$ 10 bilhões em isenções fiscais. Precisamos de um desenvolvimento que seja real, justo e para todos — afirmou Ruas.