Na noite desta quinta-feira (4), sete candidatos à Presidência da República debateram na TV Globo. Estiveram presentes Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede). Jair Bolsonaro (PSL) não compareceu por recomendação médica. Os demais candidatos — Cabo Daciolo (Patriota), João Amoêdo (Novo), Eymael (DC), Vera Lúcia (PSTU) e João Goulart Filho (PPL) — não foram convidados devido à baixa representação ou falta de representação na Câmara dos Deputados.
Na primeira pergunta do segundo bloco, Guilherme Boulos (PSOL) e Geraldo Alckmin (PSDB) debateram sobre o tema custo Brasil. Antes de falar sobre o tema, Boulos citou alguns exemplos, segundo ele, de perda de direitos com a reforma trabalhista:
— Nós poderíamos citar vários casos da reforma trabalhista. Mulher grávida poder trabalhar em lugar insalubre, terceirização generalizada. O trabalhador sabe disso.
Em seguida, o candidato do PSOL disse que o governo Alckmin, em São Paulo, beneficiou empresários com desonerações fiscais. Ao responder, Alckmin voltou a defender que a reforma trabalhista "não tira um direito" e que a terceirização é normal na economia moderna. Em relação à questão da gravidez em local insalubre, ele disse que precisa ser regulamentada e que ele vai corrigi-la. Na sequência, o tucano disse que vai resolver o problema do Estado, como "fez em São Paulo".
— É preciso uma reforma do Estado, que eu vou fazer, como fiz em São Paulo. A crise pegou o Brasil inteiro. Todo o Brasil teve crise. Em São Paulo, fizemos superávit de R$ 5,3 bilhões e reduzindo imposto para o contribuinte — disse, salientando que defende a reforma tributária.
Boulos disse que os "trabalhadores brasileiros gostariam muito de viver no mundo da fantasia" apresentado por Alckmin, voltando a dizer que o grande empresário é beneficiado, recebendo "tapete vermelho" e "benesses". Alckmin voltou a dizer que vai promover reforma tributária, da política e do Estado. Um dos exemplos citados pelo candidato foi uma "reforma bancária", trazendo mais bancos e ter mais competição.
O segundo tema do bloco foi legislação trabalhista. Marina Silva (Rede) direcionou a pergunta para Henrique Meirelles (MDB). Marina afirmou que Meirelles, juntamente com o governo Temer, fez uma reforma trabalhista que prejudicou os direitos dos trabalhadores.
— Você vai corrigir esses erros? — perguntou Marina.
Meirelles reconheceu que alguns pontos da reforma precisam ser analisados, como o caso das gravidas em locais insalubre. Em seguida, o candidato disse que a legislação brasileira anterior estava no "século passado".
— Nós temos de ter condição de ter um país em que o trabalhador tenha condição de optar em qual sistema ele quer trabalhar — disse Meirelles.
Na sequência do debate, Meirelles e Alvaro Dias falaram sobre saúde. Meirelles disse que a situação do país na área é dramática e perguntou como é possível garantir que as pessoas tenham atendimento de saúde de qualidade. Na resposta, Alvaro disse que o primeiro passo é "não roubar" e o segundo é ter "competência de gestão". O candidato do Podemos citou que Meirelles esteve no governo atual e nos do PT, que não tiveram competência na Saúde.
Meirelles disse que trabalhou nesses governos e que nunca foi acusado de corrupção.
Em sua vez, Alvaro escolheu questionar Haddad em relação ao tema gastos públicos. Esse foi um dos momentos mais belicosos do debate. Alvaro atacou mais uma vez o PT e disse que ia entregar a pergunta para Haddad levar ao "verdadeiro" candidato do PT à Presidência, (Lula), chamando Haddad de "representante" do ex-presidente, que está preso em Curitiba. O candidato do Podemos disse que o governo do PT roubou o dinheiro público, principalmente na Petrobras.
Haddad disse que Alvaro deveria manter a compostura e que o adversário estava atrapalhado, desrespeitando tempo, adversários e as regras do debate, "fazendo brincadeira com coisas sérias". O candidato do PT disse que os governos do seu partido "colocaram pela primeira vez os pobres no orçamento".
Alvaro rebateu dizendo: "vocês é que são uma brincadeira governando". No entendimento do postulante do Podemos, quando Haddad fala sobre sua atuação ministerial, parece que ele "foi ministro na Dinamarca".
Mais uma vez, Haddad disse que Alvaro estava atrapalhado em relação ao tempo e espaço. Alvaro tentou interromper, mas foi interpelado por Bonner.
Meirelles pediu direito de resposta em relação a Alvaro Dias, que disse que o candidato do MDB foi "cúmplice no roubo do PT". Ele teve a solicitação deferida e voltou a dizer que "é ficha limpa" e que nunca foi processado.
Alckmin escolheu Marina para falar sobre transportes. O tucano questionou a candidata da Rede sobre qual é a alternativa dela para solucionar os problemas da área, como o transporte de produtos. Marina disse que é preciso adotar políticas para garantir o "desenvolvimento sustentável".
— No meu plano de governo, nós vamos trabalhar diferentes modais, vamos investir em rodovias, recuperando e criando algumas. Vamos investir em hidrovias. Na Amazônia, há um potencial muito grande. Inclusive, no Estado do Amazonas, é onde tem o maior potencial.
Alckmin disse que pretende desenvolver grande programa de obras e que a prioridade do governo dele será empregos. O candidato também citou a importância de hidrovias e ferrovias, que serão lembradas por sua gestão.
— Nas grandes cidades, metrô e trem. Transporte de alta capacidade e de qualidade. Metrô, trem, corredores de ônibus VLT, monotrilhos, qualidade de vida para a família poder chegar mais cedo em casa, ficar com seus filhos e ter vida melhor.
Ciro e Boulos debateram o tema combate às drogas. O candidato do PDT afirmou que no Brasil 70% dos presos são jovens detidos com "minúsculas quantidades de drogas". No entendimento de Ciro, eles são presos para "fazer estatística" ou simplesmente "para morrer" e às vezes acabam virando soldados das facções. Boulos aproveitou o gancho de Ciro para criticar a política brasileira de combate às drogas, que visa principalmente as favelas:
— A gente sabe muito bem que o comando do crime organizado nesse país está muito mais perto da Praça dos Três Poderes em Brasília ou da grande indústria da arma do que de qualquer favela desse país. A droga não nasce dentro do morro. Ela chega lá. Chega dos atacadistas.
Ciro disse que é preciso repensar as penalizações por porte de quantidades pequenas de drogas.
— Precisamos fazer a correção da lei de 2006. Foi uma lei equivocada, que foi feita em 2006, sob governo progressista, que permitiu que um juiz no Pará considere quantidade minúscula de droga uma contravenção que não tem pena e a mesma quantidade de droga no Rio de Janeiro vai para a cadeia. Isso é uma aberração que precisamos corrigir.