Com a divulgação de mais uma pesquisa do Datafolha, que mostra novo crescimento de Jair Bolsonaro, a pergunta que se impõe é se a eleição terminará no primeiro turno ou será decidida em 28 de outubro. Em dois dias, Bolsonaro subiu três pontos (de 32% para 35%) e Fernando Haddad passou de 21% para 22%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Nesta fase, o dado mais importante não é o dos votos totais, mas o dos válidos. Excluindo brancos, nulos e indecisos, Bolsonaro teria 39%, e Haddad, 25%. Faltam, portanto, 11 pontos para o candidato do PSL vencer no primeiro turno.
Há vários fatores para explicar a onda de crescimento de Bolsonaro e a estagnação de Haddad. A principal delas é o fortalecimento do antipetismo, a partir da constatação das pesquisas de que Haddad é o único com chances de chegar ao segundo turno.
A estagnação dos demais concorrentes provocou uma forte migração, puxada por candidatos a governador, senador e deputado, que não querem perder votos se associando a Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles e até a João Amoêdo. Some-se a isso o apoio do bispo Edir Macedo e de outros evangélicos e a pressão de empresários sobre seus empregados para votarem em Bolsonaro.
A mobilização do último fim de semana reforçou o caráter plebiscitário da eleição. De um lado, as mulheres com o movimento #EleNão, no sábado. Do outro, a reação do exército bolsonarista no dia seguinte atraiu antipetistas que ainda estavam indecisos.
Afastado da campanha de rua em consequência do atentado que sofreu em 6 de setembro, Bolsonaro segue fazendo vídeos na internet e dando entrevistas seletivas. Por orientação médica, não participa de debates. Assim, escapa do desgaste de ser questionado pelos adversários sobre polêmicas que poderiam lhe subtrair votos.
O capitão reformado também se beneficia dos percalços enfrentados pelo principal adversário. Haddad é alvo de uma avalanche de notícias falsas em grupos de WhatsApp. O levantamento do sigilo da delação de Antonio Palocci, pelo juiz Sergio Moro, na segunda-feira, recolocou o PT nas manchetes negativas. Ontem, procuradores do Ministério Público Federal pediram a condenação do ex-presidente Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, em mais um processo da Lava-Jato.