Enquanto outros sete candidatos a presidente participavam do debate da Rede Globo, Jair Bolsonaro apareceu em entrevista para o Jornal da Record. O canal é de propriedade do bispo Edir Macedo, que declarou apoio ao presidenciável do PSL recentemente.
Foi o primeiro bate-papo do deputado federal após alta hospitalar — ele levou uma facada em 6 de setembro. A gravação ocorreu em sua residência. Os médicos que o acompanham chegaram a apresentar atestado de que o paciente não deveria falar e se estressar por muito tempo. Também indicaram que ele não fale por mais de 15 minutos consecutivos.
A entrevista começou com Bolsonaro comentando sobre seu estado de saúde. Segundo o candidato, ele só entendeu a gravidade da situação dois dias depois do atentado.
— Juiz de Fora não foi onde tomei uma facada, foi onde eu nasci de novo — declarou o militar reformado.
— Sou um homem de combate, gosto de ação. E, de repente, tem determinações pra eu respeitar os limites do meu corpo — complementou.
O postulante ao Planalto destacou que não se pode deixar que um partido que mergulhou o país "em uma crise ética, moral e econômica" volte ao poder, uma referência ao PT:
— Precisamos resgatar a credibilidade do Brasil junto ao mundo aí fora.
Ao ser indagado sobre o atentado que sofreu, disparou:
— O processo está sendo conduzido por um delegado que, por dois anos, foi homem de confiança do Fernando Pimentel (governador de Minas Gerais, do PT)... Um ato desses não pode ter partido da cabeça de uma pessoa isolada — disse, em referência ao inquérito da Polícia Federal, que concluiu que o agressor Adelio Bispo de Oliveira agiu sozinho.
Ao falar sobre violência, disse que é acusado de disseminar o ódio, mas que foi vítima dela.
— O Estatuto do Desarmamento só aumentou a violência. Deu a certeza de que, se um criminoso invadir a casa de alguém, não vai ter resistência — defendeu.
Quando questionado sobre fake news, disse que tem alimentado suas redes sociais há anos com verdades. Bolsonaro abordou também o movimento elenão.
— Olha quem está nisso? São artistas que mamavam na Lei Rouanet.
Sobre sua ascendência na preferência do eleitorado, conforme pesquisas, afirmou:
— A maioria vê quem está me atacando e faz uma análise imediata: eles estão errados, nós estamos certos.
Ao ser lembrado pelo entrevistador sobre a quebra de sigilo de Antônio Palocci na semana da eleição, elogiou o ex-ministro de Lula e Dilma.
— Ele conta sobre as entranhas ao poder. Parabéns ao Palocci! Quem não erra como ser humano — disse Bolsonaro sobre o delator.
Bolsonaro ressaltou que sabe de sua responsabilidade caso eleito:
— Muitos dizem que posso não ser um bom presidente, mas é o necessário para o momento. Nossas universidades não formam os jovens para o mercado, formam militantes. Temos de nos afastar da Venezuela, de dar um tiro no traseiro do socialismo e do comunismo.
Caso não saia vitorioso, resignou-se:
— Se o PT chegar ao poder, eu lamento. Vou respeitar o resultado.