Desconfiados, os candidatos à Presidência da República guardam uma característica comum: cercam-se de um seleto grupo de assessores. São amigos de longa data, parentes e políticos que fazem a cabeça de quem disputa o comando do Palácio do Planalto.
Ao lado de Jair Bolsonaro (PSL), estão os três filhos que atuam na política e respondem pela articulação e estratégia, em especial, nas redes sociais, terreno onde o capitão reformado do Exército nada de braçada.
Ciro Gomes (PDT) também recorreu à família. O irmão Cid é quem o acompanha nas entrevistas e, em caso de polêmicas, entra em campo para apagar incêndios, não sem reservar uma descompostura ao trabalhista.
Marina Silva (Rede) es tá cercada de pessoas que trabalham a seu lado desde os tempos em que era ministra do Meio Ambiente, ainda no governo Lula. A jornalista e socióloga Maristela Bezerra Barros, amiga há 23 anos, é a pessoa mais próxima da candidata.
Há cerca de 30 anos, Geraldo Alckmin (PSDB) se apoia no advogado Orlando Baptista, assessor que une dedicação, discrição e sua total confiança.
Fernando Haddad (PT) tem na mulher, Ana Estela, uma parceira de militância e atuação política.
Conheça quem vem atuando nos bastidores de cada uma das cinco principais campanhas presidenciais.
Um antigo braço direito na blindagem a Alckmin
Quem acompanhou o dia a dia dos quatro mandatos de Geraldo Alckmin (PSDB) à frente do governo de São Paulo e, antes disso, sua passagem pela Câmara, em meados dos anos 1990, se acostumou a ouvir a frase: "Chama o Orlandinho". Braço direito do tucano, o advogado Orlando de Assis Baptista Neto é lembrado pela discrição e dedicação total ao chefe, em uma relação que beira os 30 anos.
É ele quem blinda o tucano de situações indesejadas, atua como porta-voz e interfere em crises dentro de seus governos. Interlocutores afirmam que Alckmin confia no auxiliar “de olhos fechados”. Orlandinho vive sozinho, não dá entrevistas e não tem redes sociais.
Na área política, correligionários estão próximos ao tucano, como os deputados federais Silvio Torres e Samuel Moreira, além do secretário de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa. O economista Pérsio Arida, coordenador do programa econômico, é apontado como provável ministro da Fazenda em um eventual governo tucano.
O ex-secretário de Comunicação de Alckmin e estrategista da campanha Marcio Aith está entre as figuras próximas, assim como o publicitário Lula Guimarães. Assessor de Alckmin no governo paulista e atual responsável pela agenda, Pedro Guerra também integra o núcleo mais próximo. Fora do PSDB, mantém conversas com o ex-senador Jorge Bornhausen e o prefeito de Salvador e presidente do DEM, ACM Neto.
União familiar e política no círculo de Bolsonaro
O núcleo pessoal e político mais próximo a Jair Bolsonaro vem de casa. Os rumos da campanha são ditados junto aos filhos: o deputado federal Eduardo (PSL-SP), o deputado estadual Flavio (PSL-RJ) e o vereador carioca Carlos (PSC-RJ). O trio é quem vem discutindo com o candidato as repercussões políticas do atentado sofrido no dia 6. Apesar da intimidade, há momentos em que o clã discorda, situações geralmente contornadas por Carlos, o mais incisivo.
Um dos poucos apoiadores com acesso ao candidato é Gustavo Bebianno, agora mais afastado por divergências com os filhos do militar. Atua também na defesa do capitão reformado do Exército no processo em que é réu por ter dito à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) que não a estupraria porque ela "não merecia" por ser "feia".
Dois integrantes de um eventual governo também estão entre os conselheiros. O economista e "posto Ipiranga" do candidato, Paulo Guedes, que nesta semana causou problemas ao chefe ao anunciar a intenção de recriar a CPMF, seria ministro da Economia, pasta que uniria Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio.
O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) é cotado para a Casa Civil. Na área militar, o general Augusto Heleno é um dos mais próximos, enquanto, entre os representantes do setor rural, o principal é o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia.
Irmão ajuda a frear a língua afiada de Ciro
A língua afiada de Ciro Gomes é responsável por frases fortes que, não raro, se voltam contra ele. Cada entrevista concedida pelo ex-governador do Ceará é lida com lupa por adversários em busca de deslizes.
Sempre que passa por alguma situação embaraçosa, o candidato recebe a censura de alguém que conhece há 55 anos. Seu irmão mais novo, Cid, é o responsável por evitar eventuais arroubos. Foi ele quem deu uma carraspana em Ciro após confusão com um youtuber que afirmou ter levado um tapa do trabalhista, em Porto Alegre, no mês de abril. É Cid quem sempre lembra, ao chegar no Nordeste, onde o PT tem sua melhor performance no país:
— Sem falar mal de Lula.
Concorrente ao Senado, deverá ser o homem forte de Ciro no Congresso. Outro conselheiro político é o presidente do PDT, Carlos Lupi, apontado como um "atalho" para chegar ao candidato. Interlocutores acreditam que ele teria lugar em um eventual governo. Outro nome tido como certo em uma futura equipe é o do economista Mauro Benevides. É ele quem viaja o Brasil em reuniões com o empresariado. De cunho liberal, suas opiniões muitas vezes preocupam trabalhistas, que pedem para Ciro "segurar Benevides".
O deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) também teria caminho pavimentado ao primeiro escalão na área de telecomunicações. A lista é fechada por Luiza Serpa, assistente pessoal de Ciro. É uma das poucas da equipe que também estava ao lado dele na campanha presidencial de 2002.
Nomes históricos ligam Haddad à cúpula petista
Alçado como o candidato petista à Presidência tardiamente, Fernando Haddad assumiu a campanha em um momento de transição. O grupo de confiança do ex-presidente Lula, impedido de concorrer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa, precisou ser integrado ao círculo mais próximo do ex-prefeito de São Paulo.
Na esfera familiar, Ana Estela, mulher de Haddad, tem protagonismo na campanha. Com experiência na vida pública, tendo passado pelos ministérios da Saúde e da Educação, é uma das conselheiras políticas do marido.
Haddad também conta, entre seus principais interlocutores, com figuras históricas do PT, como o deputado federal José Guimarães (CE). Ele é um dos principais elos entre o candidato e integrantes da cúpula do partido. Em carta escrita a Lula analisando o cenário eleitoral, Guimarães afirmou que a melhor opção para a corrida ao Planalto era Haddad.
O atual tesoureiro do partido, Márcio Macêdo, o ex-prefeito de Osasco (SP) e um dos fundadores da sigla, Emídio de Souza, além do ex-presidente do PT Rui Falcão, também estão na lista de conselheiros.
Vindos do grupo próximo a Lula estão Luiz Dulci, responsável pela agenda da campanha, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann.
Referências ambientais dão suporte para Marina
A candidata Marina Silva mantém relação com um pequeno grupo que esteve a seu lado nas passagens pelo Senado e, principalmente, em sua militância em defesa do ambiente. Neste time, a dianteira é da jornalista e socióloga Maristela Bezerra Bernardo. Há 23 anos ao lado da candidata, é vista por integrantes da Rede como sua amiga mais próxima. Ela presenciou, por exemplo, a saída da ex-senadora do PT e sua decisão de concorrer à Presidência em 2014 pelo PSB, após a morte de Eduardo Campos.
Amigo de longa data e coordenador do plano de governo, o biólogo João Paulo Capobianco atuou ao lado de Marina no Ministério do Meio Ambiente. Sua função é dividida com a advogada Marcela Moraes. Ainda no campo político-pessoal, está o economista Bazileu Margarido, responsável pelas finanças da campanha. Ele presidiu, também sob a batuta da ex-ministra, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Economista e filósofo, o principal conselheiro na área econômica é Eduardo Gianetti, que acompanha Marina desde a campanha presidencial de 2010. É cotado para assumir o Ministério da Fazenda em caso de sucesso na eleição. André Lara Rezende, integrante das equipes que criaram os planos Cruzado e Real, também é influente.
Entre os líderes da Rede, porta-voz do partido, Pedro Ivo Batista possui lugar de destaque ao lado da candidata, com quem está desde o tempo em que Marina ocupava o Ministério do Meio Ambiente.