Em movimento de queda nas pesquisas eleitorais, a ex-ministra do Meio Ambiente e candidata ao Palácio do Planalto pela Rede Sustentabilidade, Marina Silva, rejeitou nesta quarta-feira (19), a possibilidade de abrir mão de sua candidatura em nome de uma chapa unificada de Centro como alternativa à polarização que vem se desenhando nas pesquisas eleitorais.
— Uma eleição em dois turnos é para que a gente não se curve ao pensamento autoritário de decidir no primeiro. É para que a pessoa vote de acordo com seu coração — disse, em sabatina no Fórum Páginas Amarelas, da revista Veja. A candidata também refutou a possibilidade de fazer uma aliança com o Centrão, caso seja eleita.
— No meu entendimento, não é possível fazer uma aliança programática com o Centrão, que junto aos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer são responsáveis pela situação em que o país está — declarou.
Marina, que chegou a registrar 12% de intenção de voto e agora tem 6%, criticou o cenário de pressão sobre candidatos com desempenho mais tímido nas pesquisas para que juntem forças em torno de uma terceira opção, além de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
— Agora é que a disputa começa de verdade, com o verdadeiro candidato do PT à frente da chapa. Agora é que começamos a disputar o voto líquido — afirmou.
A candidata da Rede criticou as especulações em torno de um indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— Indulto não pode ser instrumento político para ganhar voto — comentou.
Aborto
Questionada sobre uma eventual aprovação pelo Congresso Nacional de flexibilizações nas leis sobre aborto, Marina explicou que, caso seja eleita presidente, deverá vetar a medida, por entender que a decisão não pode ser tomada exclusivamente pelos representantes eleitos do povo, mas sim pela própria população.
— Sou contra o aborto e não acho que é a melhor forma de encarar uma gravidez indesejada. Defendo o planejamento familiar. Se for para ampliar para além da legislação atual, que seja por plebiscito e que 513 deputados e 81 senadores não decidam por 200 milhões de brasileiros — afirmou.
A candidata ressaltou que apenas a consulta pública será levada em conta.
— Se por decisão soberana em plebiscito, a sociedade decidir que é isso, assim será. Espero que a sociedade brasileira se mobilize. Se o Congresso decidir, eu vetaria. Tem que ser por plebiscito, isso sim leva o assunto ao patamar que deve estar — afirmou Marina.